Conto de fadas pós-apocalíptico, Sweet Tooth é extremamente atual

Conta de fadas pós-apocalíptico, Sweet Tooth é extremamente atual

Imagine um mundo em que a população humana foi quase dizimada por uma doença misteriosa e que aos sobreviventes coube decidir entre recomeçar tudo de uma forma melhor ou deixar seus instintos mais primitivos prevalecerem. Sim, você tem razão em achar que este cenário se parece bastante com a realidade. Porém, esse é apenas o início de Sweet Tooth, título de uma HQ lançada por Jeff Lemire em 2009 e que foi adaptada pela Netflix.

Em formato de série, a atração chegou ao streaming em 4 de junho, prometendo uma espécie de conto de fadas pós-apocalíptico (meta que realmente conseguiu cumprir em sua 1ª temporada, composta por 8 episódios). Como na história em quadrinhos, a humanidade é fatalmente atacada por uma pestilência conhecida como Flagelo. As crianças que nascem a partir daí são híbridas (parte humana, parte animal), e acabam relacionadas à pandemia.

Como The Witcher, o seriado criado por Jim Mickle (Hap and Leonard) e Beth Schwartz (Arrow) trabalha seus personagens principais de forma quase completamente separada (não pelo tempo, mas sim pelo espaço). Desse jeito, Sweet Tooth consegue explicar como funciona esse universo com clima de fantasia, mas que se assume uma ficção científica.

Mundo de oportunidade

Na maioria das histórias infantis é simples reconhecer o herói e o vilão. Mas o mundo não funciona assim. Na trama de Sweet Tooth, temos figuras-chaves, General Abbot (Neil Sandilands, de The Flash), o médico Singh (Adeel Akhtar, de Enola Holmes) e a conselheira Aimee (Dania Ramirez, de Heroes). Nos gibis da DC, Abbot e seus militares são descritos como último resquício de ordem no mundo, mas usam isso como justificativa para atos terríveis.

Já Singh, que não teve estômago para atender durante “o grande esfacelamento” da humanidade, precisa decidir quais limites irá acatar para salvar sua esposa, Rani (Aliza Vellani, de Além da Imaginação), contaminada pelo Flagelo. Para tanto, vale a pena se aliar a Abbot na realização de experimentos mortais a híbridos? Ou cabe ao doutor aproveitar sua posição para ajudar a libertar as crianças que são raptadas e mortas por conta de sua aparência?

Em sua vida antes da pandemia, Aimee se sentia presa na própria vida, sem saber como encontrar seu propósito, apesar de ser remunerada para auxiliar pessoas a resolverem todo tipo de problema pessoal. Anos depois, a moça assume o papel de fundadora e líder da Reserva, um lar para acolher crianças híbridas e permitir seu desenvolvimento. Esta missão importante vem junto com responsabilidades e a coloca na mira dos militares.

Dupla dinâmica fofa

Se os personagens descritos acima marcam o núcleo pós-apocalíptico, o protagonista Gus (Christian Convery, de Legião) e seu guarda-costas, Jepperd (Nonso Anozie, de Zoo), ficam com o conto de fadas. Improvável, a dupla tem sua graça no contraste entre a inocência de Gus, que vê o mundo pela primeira vez enquanto procura sua mãe, e a desilusão de Jepperd, que carrega o arrependimento de suas ações nos últimos anos.

A bela amizade construída entre muitas aventuras mostra que Gus e Jepperd precisam um do outro para sobreviver em um mundo perigoso e, assim, projetar dias melhores. Essa dinâmica lembra a relação de Wolverine com Laura, em Logan, bem como a de Baby Yoda com Din Djarin, em The Mandalorian. É bem possível que esse toque fascinante venha de Robert Downey Jr. (Homem de Ferro), que atua na produção executiva com sua esposa, Susan Downey.

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