A evolução dos filmes de super-heróis. Uma obra prima. A aventura do Wolverine que faltava. Logan (Logan, EUA, 2017) é tudo isso, e muito mais. Sob o comando de James Mangold (Wolverine: Imortal), o longa conclui a jornada do ator Hugh Jackman como Wolverine de maneira brilhante, profunda, visceral e comovente. Com inspiração distante nas HQs O Velho Logan, a superprodução entrega exatamente o que os fãs sempre pediram e apresenta uma história muito superior aos demais títulos do gênero que chegaram aos cinemas. É simplesmente irretocável.
Situado em 2029, na região da fronteira entre Estados Unidos e México, o filme coloca Wolverine num mundo sem os seres da raça Homo superior, trabalhando como motorista de limusine (um Chrysler 2014, na verdade) para pagar os remédios de Charles Xavier (Patrick Stewart, de X-Men: O Filme), que agora sofre de Alzheimer. Em um ambiente hostil, Logan vive refugiado com o antigo Professor X e o ex-vilão Caliban (Stephen Merchant, de O Fada do Dente), planejando sua fuga para um lugar onde a mente degradada de seu mestre não seja uma ameaça pública.
Porém, o “Carcaju” é forçado a mudar as suas prioridades quando descobre a existência da garotinha Laura Kinney (Dafne Keen, de The Refugees) – a X-23 –, primeira mutante a nascer em 25 anos e, de certa forma, sua filha. Invocada e com garras nas mãos e nos pés, a menina é caçada pelo grupo chamado de Os Carniceiros liderados por Donald Pierce (Boyd Holbrook, de Narcos) – vulgo Rei Branco – e precisa ser levada para o abrigo Éden, na divisa dos EUA e Canadá. Assim, aos trancos e barrancos, Logan, Xavier e Laura embarcam numa jornada através do país.
Um legítimo road movie, Logan usa a viagem de seus protagonistas como metáfora para discorrer sobre a vida, desde seus momentos mais doces em família até o envelhecimento e a hora da morte, além de mostrar como cada ação tem suas consequências. Com isso, enquanto Laura traz o frescor da juventude e representa a esperança para o futuro, Wolverine e Charles caminham para o fim da linha carregando todas as marcas de seu passado. Fora da ficção, o enredo funciona simultaneamente como uma homenagem a Jackman e Stewart, que concluem seus ciclos, e emociona.
A exemplo do próprio Wolverine, a obra é repleta de sangue e violência extrema, contudo, isso é apenas a superfície uma experiência densa, sensível, reflexiva e emocionante. Deste modo, para quem vê X-Men nas telonas desde 2000, cada cena causa a um arrepio. Seja numa conversa simples durante o jantar, num olhar preocupado, sorriso amistoso, a cada golpe sofrido e desferido ou quando você percebe que Wolverine e o Professor Xavier já não são mais os mesmos heróis da sua infância, chorar em Logan não é opcional.
Depois de X-Men: O Filme, X-Men 2, X-Men: O Confronto Final, X-Men Origens: Wolverine, X-Men: Primeira Classe, Wolverine: Imortal, X-Men: Dias de um Futuro Esquecido e X-Men: Apocalipse, Logan se distancia do que se conhece como “filmes de super-heróis” ao mesmo tempo em que demonstra fidelidade à essência de Wolverine e os X-Men. Prova disso é que, como nos quadrinhos, a produção exibe uma trama sci-fi com uma mensagem de apelo humano, e ainda tem seus personagens principais sendo chamados de “mutunas” pelos antagonistas.
Com direito a aparições da placa de identificação de Wolverine, seu uniforme (num gibi e boneco) e barba clássica, dos tradicionais charutos e citações ao Lago Alkali e ao projeto batizado de Arma X, Logan é o filme do Wolverine pelo qual Hugh Jackman será lembrado.
Não há cena pós-créditos.
Leia a entrevista com Hugh Jackman!
Logan estreia nos cinemas em 2 de março.