Boba Fett é um dos personagens mais queridos de Star Wars. Mas isso é até motivo de controvérsia entre os fãs, afinal, mesmo com pouca participação na trilogia clássica, o caçador de recompensas angariou uma legião de admiradores pelo seu potencial, que foi alimentado por muito tempo pelas histórias dos livros e quadrinhos que compõem o chamado Universo Expandido da franquia.
Logo, desde que apareceu retomando sua armadura em The Mandalorian e, na cena pós-créditos da 2ª temporada (leia a crítica), reclamando o trono que um dia foi de Jabba, The Hutt, em Tatooine, o anúncio da série O Livro de Boba Fett parecia ser tudo o que os fãs sempre quiseram.
No começo, pode ter sido. Numa pegada de velho oeste misturado com uma versão soft de O Poderoso Chefão, a trama segue Fett (Temuera Morrison, de Aquaman) e Fennec Shand (Ming-Na Wen, de Agents of S.H.I.E.L.D.) enquanto o ex-mercenário resolve atuar no submundo de Mos Espa como novo Daimyo, ocupando a lacuna de poder e oferecendo proteção em troca de tributos.
Intercalando com flashbacks de quando viveu entre o Povo da Areia, após escapar das entranhas de um Sarlaac, os capítulos seguem mostrando sua recuperação física e evolução no jogo político. Enquanto ele cria alianças importantes com figurões do submundo e cativando a lealdade de braços armados, como os jovens com peças de droides implantadas, que andam em bike speeders coloridas e o feroz wookie, Krrsantan (Carey Jones, de Predadores).
Como (não) deveria ser
O Livro de Boba Fett vai bem, literalmente, até a metade. No episódio “O Retorno do Mandalorian”, vemos Din Djarin (Pedro Pascal, de Mulher-Maravilha 1984) tentando recuperar o prestígio ante os membros do seu clã, a medida que treina para dominar o sabre de luz negro. E parece estar falhando em ambos.
Claro que, dada a ligação entre os dois personagens e os rumos da história, era de se esperar que Mando fizesse uma ponta na série. Entretanto, com 2 capítulos centrados no universo de Djarin, sendo um, inclusive, com direito a Grogu, Ahsoka Tano (Rosario Dawson, de Demolidor) e Luke Skywalker (versão digital de Mark Hamill), Fett parece não ter perdido só o controle de seu território, como de seu show.
A presença estendida do Mandalorian em episódios que não precisavam estar nessa série estimula comparações indesejadas. Isso, infelizmente, deixa claro o quanto a construção do protagonista fica devendo no carisma, perto do guerreiro de armadura prateada.
Essa mudança brusca nos rumos do programa acaba levando o espectador a questionar as decisões da Disney com a série. Teria sido O Livro de Boba Fett um recado aos fãs mais fervorosos de que o personagem simplesmente não se sustenta por si só? Talvez essa pergunta nunca seja respondida formalmente. Mas, se levarmos em conta os 7 episódios disponíveis no Disney+, talvez ela já tenha sido.