Lançada poucos anos depois do fenômeno de Harry Potter, Artemis Fowl é uma série literária escrita pelo irlandês Eoin Colfer que, em oito livros de sua história principal, arrecadou uma legião de fãs pelo mundo, tendo rendido adaptações até em quadrinhos. Diante do grande sucesso, a Disney preparou uma versão em live-action da aventura infanto-juvenil, pensando em lançá-la nos cinemas, mas, com a pandemia do Covid-19, a produção foi direto para o Disney+.
Dirigido por Kenneth Branagh (Thor), Artemis Fowl: O Mundo Secreto estreou no dia 12 de junho, com uma tentativa de apresentar uma trama de ação, fantasia e investigação policial. O projeto introduz Artemis Fowl Jr. (Ferdia Shaw), um garoto prodígio, de Q.I. altíssimo, que se depara com o sumiço de seu pai, Artemis Fowl Sr. (Colin Farrell, de Dumbo), e precisa se embrenhar na mitologia da Irlanda para salvá-lo da figura de Opal Koboi (Hong Chau, de Watchmen).
Para tanto, o protagonista tem uma missão simples, porém difícil: encontrar o Áculos, um item mágico desaparecido. O problema é que o objeto pertence a um mundo fantástico habitado por leprechauns, anões, duendes e trolls, universo que Artemis Jr. inicialmente não tem acesso, mas que usa de sua genialidade para atrair estes seres míticos à superfície. Nesse jogo, entra em cena Domovoi Butler (Nonso Anozie, de Cinderela), mordomo protetor da família.
E é bem neste momento que o longa desaponta mais. Quando personagens como a elfa Holly Short (Lara McDonnell, de Simplesmente Acontece), capitã da LEPRECON (Liga de Elite da Polícia de Reconhecimento), o anão gigante e ladrão Mulch Diggums (Josh Gad, de A Bela e a Fera) e a comandante Raiz (Judi Dench, de 007: Cassino Royale), vemos figuras importantes da saga sendo trabalhadas de forma superficial, com dramas e motivações pouco explorados.
Deste modo, assim como seu trabalho no primeiro filme do Deus do Trovão, Kenneth Branagh não consegue estruturar em tela um rico e conhecido universo de maneira clara, deixando o público com só alguns vislumbres de personagens icônicos e sem uma noção completa de como funciona esse mundo fantástico, quais as regras, os riscos e seus conflitos internos e externos. Ou seja, a experiência da adaptação se torna confusa, rasa e nada cativante ao espectador.
Por isso, o descontentamento dos fãs logo se mostrou claro (e válido), pois o fracasso da estreia pode atrapalhar na produção das sequências, intenção que Artemis Fowl: O Mundo Secreto não esconde ao deixar uma série de ganchos.