Watchmen: tensões raciais ditam sequência de HQ clássica

Adaptada pelo diretor Zack Snyder no filme lançado no ano de 2009, Watchmen teve seu retorno ao live-action na nova produção da HBO, que imagina o mundo em um período posterior aos eventos mostrados na história em quadrinhos clássica escrita por Alan Moore e ilustrada por Dave Gibbons. Tão densa quanto os gibis de 1986, a série de Watchmen criada por Damon Lindelof (Lost) colocou em pauta a discussão sobre preconceito, machismo e terrorismo apostando a interação entre personagens inéditos com aqueles presentes na obra original.

Lançada no dia 20 de outubro do ano passado, a produção teve sua primeira temporada (e que promete ser a única) composta por nove episódios de 1 hora de duração – e classificação indicativa para maiores de 16 anos. Assim, somos apresentados à protagonista Angela Abar (Regina King, de Se a Rua Beale Falasse) que presta serviços para a polícia da cidade de Tulsa, no estado de Oklahoma (EUA), como a vigilante conhecida como Sister Night. O trabalho da moça se faz necessário por conta da ascensão da Sétima Cavalaria, um grupo supremacista branco.

Angela Abar divide-se entre o trabalho como Sister Night e o cuidado a seu marido e filhos. (Foto: HBO)

Quem leu os quadrinhos pode perceber que o Ato Keene – que proíbe justiceiros nas ruas – fora revogado e o Programa Watchmen acabou sendo reativado, para conter os violentos discípulos do Diário de Rorschach. Desta maneira, em um cenário no qual a polícia esconde seus rostos com máscaras para proteger suas identidades dos terroristas, cabe a Sister Night, o interrogador Looking Glass (Tim Blake Nelson, de Luta por Justiça) e o brutamontes Red Scare (Andrew Howard, de The Outpost) atuar na investigação e combate à criminalidade local.

Acontece que as tensões raciais em Tulsa começaram lá em 1921, com um massacre de sua comunidade afro-americana promovida pela Ku Klux Klan. Esta tragédia deixou marcas na então pacata cidade, abrindo grande ferida na família de Angela Abar, que pouco sabe sobre seus antepassados. Neste ponto, a história se desenrola a partir do assassinato do chefe de polícia Judd Crawford (Don Johnson, de Miami Vice). O suspeito? Will Reeves (Louis Gossett Jr., de Raízes), que esconde segredos sobre a família de Abar e que atuou como Justiça Encapuzada.

A experiente agente Laurie Blake não se impressiona com os feitos dos novos vilões. (Foto: HBO)

A partir do terceiro episódio, todas as investigações passam a ser comandadas por Laurie Blake (Jean Smart, de Legion), agente do FBI e antiga heroína Espectral. Mais amadurecida em comparação à personagens dos gibis, Blake tem seus caminhos constantemente cruzados com os Angela, uma vez que as duas têm interesse pelas respostas de Will Reeves. Porém, ambas se deparam com Lady Trieu (Hong Chau, de Homecoming), uma aliada do veterano e proprietária de uma misteriosa tecnologia que remete ao “Relógio do Juízo Final” (símbolo de Watchmen).

Com foco em racismo, a produção ainda aborda temas como a homofobia, corrupção política e violência urbana – que são assuntos constantes na franquia – e adiciona o empoderamento feminino a essa fórmula de sucesso – uma vez que Laurie e Angela lideram as principais ações. Como na HQ, o enredo se desenrola até incluir Ozymandias (Jeremy Irons, de Batman vs. Superman: A Origem da Justiça), com sua inteligência privilegiada e deturpada capaz de elaborar o mais mirabolante dos planos – e ótima e definitiva atuação de Irons.

A caracterização de Manhattan deu o que falar, mas o personagem foi trabalhado de forma consistente. (Foto: HBO)

Ponto de surpresa e polêmica, o título ousa ao trazer à TV uma versão de Doutor Manhattan (Yahya Abdul-Mateen II, de Aquaman) na tentativa de humanizá-lo e redimi-lo da conclusão dos quadrinhos – detalhe, Manhattan é peça-chave na trama televisiva. Um acerto absoluto é a exploração do ataque da lula gigante – algo que a produção cinematográfica evitou fazer –, dando detalhes sobre o dia do atentado e seus desdobramentos até o período do seriado.

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