Nos últimos anos, tem sido comum ver o Super-Homem como figura temida por todo seu poder nos quadrinhos, games e filmes. Porém, esse era mesmo o objetivo de Jerry Siegel e Joe Shuster quando criaram o herói para os gibis em 1938? A resposta, com toda certeza, é “não”. Afinal, o “S” estampado em seu uniforme é conhecido como símbolo de esperança, algo que é colocado em prática quando o Homem de Aço decide usar sua força apenas para fazer o bem.
Com sua 1ª temporada completa disponível no streaming HBO Max, a série Superman and Lois vem conquistando até os fãs mais exigentes da DC Comics por resgatar a visão clássica que se tem do Último Filho de Krypton. Com 15 episódios, a produção criada por Greg Berlanti (Riverdale) e Todd Helbing (The Flash) traz uma versão madura de Clark Kent (Tyler Hoechlin), que volta para Smallville para se aproximar de suas origens e se reconectar com sua família.
Como visto nos crossovers Elseworlds e Crise nas Infinitas Terras, do Arrowverse, Clark é casado com Lois Lane (Elizabeth Tulloch) e agora cuida dos filhos Jonathan (Jordan Elsass, de Panic) e Jordan Kent (Alex Garfin, de Hospital New Amsterdam) – caçula que herdou os poderes kryptonianos do pai. A manutenção dos relacionamentos com a esposa e os jovens é alternada pelo momento de luto de Clark, que recentemente viu sua mãe, Martha, falecer.
Mal inspirado na realidade
Um retrato contemporâneo do interior norte-americano, a pequena Smallville se encontra quebrada, isto é, carente de investimentos, de empregos, de esperança. E desse vácuo se aproveita a figura de Morgan Edge (Adam Rayner, de Tirano: Poder Sem Limites), apresentado como um empresário cheio de promessas de desenvolvimento, mas que no final revela planos megalomaníacos. Não é preciso muito para entender o paralelo político da obra.
Como principais vítimas de Egde, encontramos a família de Lana Lang (Emmanuelle Chriqui, de Pânico na Floresta). Antiga paixão de Clark, a moça se estabeleceu em Smallville, casando-se com o chefe dos bombeiros Kyle Cushing (Erik Valdez, de General Hospital). Diante de uma crise que faz muitos conhecidos serem engolidos pelas dívidas, o casal decide apoiar os empreendimentos de Edge e acaba pagando o preço do arrependimento. Familiar, não?
Frescor da juventude
Enquanto a trama se desenvolve sobre um viés político e se conclui como ficção científica, é possível acompanhar também as emoções de um núcleo adolescente. A manifestação dos poderes de Jordan faz o jovem sentir crises de ansiedade e tentar superar isso para se declarar a Sarah (Inde Navarrette, de 13 Reasons Why) – filha de Lana e Kyle. Por outro lado, Jonathan sente o peso de deixar sua vida em Metropolis, mas entende a importância do esforço.
Com trato de cinema, Superman and Lois se revelou uma grata surpresa por colocar os pés no chão em vez de voar alto demais, oferecendo uma aventura pessoal e emotiva estrelada por um dos maiores heróis de todos os tempos.
