Resident Evil Village renova franquia com terror clássico

Carlos Bazela
Resident Evil Village renova franquia com terror clássico

Anunciado primeiro como título para novos consoles (como PlayStation 5 e Xbox Series X), ver Resident Evil Village na geração atual do console da Sony foi uma grata surpresa. Afinal, acreditávamos que os dias da franquia no videogame anterior haviam terminado com Resident Evil 3 Remake (leia nossa análise). Felizmente, esse não foi o caso e o Boletim Nerd pôde passar boas horas de medo à mercê de Lady Dimitrescu e companhia, com a cópia do game para PS4 cedida pela Capcom.

Na história, voltamos ao controle de Ethan Winters, personagem de Resident Evil 7: Biohazard. Após os eventos traumáticos da casa na Louisiana, ele e sua esposa Mia estão na Europa, começando vida nova junto da pequena Rose, a filha recém-nascida do casal.

Tudo parece normal ou quase. Mia ainda se recusa a relembrar os fatos do episódio, mas Rose apresenta exames normais, sem sinal do fungo ao qual os pais foram expostos no jogo anterior. Isso até a casa ser invadida por homens armados com trajes paramilitares, Mia ser alvejada diante dos olhos do marido, que é nocauteado e levado por eles junto com Rose. O fato de Chris Redfield, um dos conhecidos heróis da série, aparecer como o mandante de tudo isso deixa Ethan e todos nós ainda mais pasmos.

Ethan acorda numa floresta gelada e consegue chegar em um vilarejo deserto. Ele logo descobre da pior forma que o local está sob ataque de criaturas que parecem lobisomens e, assim, começa sua saga pela sobrevivência, enquanto tenta encontrar o paradeiro de sua filha. E tudo parece apontar que a menina está no assustador castelo da região. Mal sabe ele que seu pesadelo está prestes a se iniciar de verdade.

Medo em primeira pessoa

Resident Evil Village segue a mesma proposta de seu antecessor. Um jogo imersivo de tiro em primeira pessoa. Aliás, se você – assim como nós – não teve a oportunidade de jogar RE7, não se preocupe. O game traz um resumo de todos os fatos pela perspectiva de Ethan. Assim, todos podemos começar o novo do mesmo ponto e com o mesmo nível de conhecimento prévio.

E um dos primeiros pontos evidentes é a facilidade nos controles. Ações de interação são bem fluidas, os comandos de mirar, atirar e abaixar são intuitivos e a única ação que vai pedir um pouco de destreza do jogador é o bloqueio com as mãos, acionado por L1/L2, dependendo da configuração do controle. Diferente de outros FPS, como Far Cry, não há comando de pulo, ação que o personagem faz sozinho quando precisa, como em um bom RE.

O inventário também foi simplificado e agora você encontra ervas e solventes químicos pelo caminho, bem como pólvora e pedaços de metal, com os quais você pode fazer remédios e munições, respectivamente. Com a facilidade dos comandos, o jogador está livre para prestar a atenção na história, decifrando puzzles e encontrando caminhos para sobreviver, explorando todo o mapa.

No mapa, aliás, Village se mostra um verdadeiro Resident Evil. Barreiras e áreas inexploradas bem sinalizadas deixam claro que o jogador as visitará futuramente. Isso também significa que você vai passar pelos mesmos pontos diversas vezes para ter acesso a locais e a itens que antes eram impossíveis de se encontrar.

A Capcom quer te contar uma história de horror

Trazer criaturas semelhantes a lobisomens dos anos 1940, um castelo assombrado por monstruosidades além da compreensão humana e masmorras com resquícios de tortura nos remetem aos estilos mais clássicos do terror – assim como mortes inesperadas – são uma renovação bem-vinda para fugir do estilo “filme de ação com monstros de laboratório” que consolidaram a franquia.

Aliás, ter Ethan alternando do pavor, ódio a outra emoções – pelo menos na versão em inglês –, muito próximas do que o jogador está sentindo, mostra que a Capcom se importou em construir um personagem profundo, mesmo para um jogo no qual ele não é visto por inteiro.

Mas, não se engane. Mesmo em dificuldades menores, não é difícil morrer diversas vezes no mesmo local até que se descubra o que fazer para sair dali. E os encontros com Lady Dimitrescu e suas filhas não só rendem bons sustos, como exigem astúcia para serem superados. Por falar nela, embora a vilã tenha ganhado a internet (e o coração de muitos nerds) não pense que RE Village se resume à curvilínea mulher de 3 metros de altura. Há muitos desafios macabros no caminho de Ethan Winters para manter você atento ao seu redor.

Franquia paralela

Ainda que traga muitos elementos da série original, Village exibe o potencial que Resident Evil tem para se transformar em duas franquias paralelas. Por um caminho, a ação com doses de ficção científica em terceira pessoa que vimos, pelo menos, até Resident Evil 5 e os remakes do segundo e terceiro jogos. Pelo outro, Ethan Winters em primeira pessoa, mergulhando em releituras de gêneros clássicos do horror, como a casa com zumbis dentro e a vila vitoriana recheada de lobisomens e vampiros.

Se esse for o plano da Capcom, teremos muito mais histórias diferentes para curtir e se apavorar vindo por aí.

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