Diferente do perfil carismático e charmoso com o qual desfila no MCU, o Deus da Trapaça tem por característica original nos quadrinhos a inveja e malevolência – que podem assombrar quem lhe conhece apenas pela versão da Disney. E, se a HQ Loki (2004) deixa a impressão de que tenta “passar pano” aos malfeitos do filho do gigante de gelo Laufey, Os Julgamentos de Loki explora muito de sua natureza cruel, que o dignifica para o panteão de vilões da Marvel.
Publicada originalmente em 2010, a obra escrita por Roberto Aguirre-Sacasa (O Mundo Sombrio de Sabrina) e ilustrada por Sebastian Fiumara (Grandes Astros: Batman) chegou ao Brasil em publicação da Panini Comics em edição única, em capa dura, no ano de 2013. A minissérie em 4 histórias desvenda a punição imposta a Loki após sua pior maquinação. Na mitologia nórdica, o trapaceiro é aprisionado em uma pedra onde uma serpente pinga veneno em seu rosto.
Agente do caos
Para quem já teve contato com as lendas e outros gibis do núcleo de Thor, não é novidade que as divindades asgardianas vivem em um eterno ciclo de destruição e renovação. Tudo isso é promovido pelo Ragnarok, o crepúsculo dos deuses, que por sua vez é desencadeado por um crime bastante específico de Loki. Neste quadrinho, o leitor acompanha exatamente este acontecimento e tudo que motivou o deus da mentira a cruzar a linha em terra sagrada.
Se você está se deliciando com as peripécias de Loki no seriado do Disney+ (leia as primeiras impressões), Os Julgamentos de Loki exibe muito de seu acervo de golpes, armações e técnicas venenosas de combate, tendo como principal motivador um senso de injustiça, deslocamento e ciúme das relações de Thor, Balder, Lady Sif, Odin e Freya, por exemplo.
Autoaceitação
A cada ação maléfica e consequente humilhação frente a justiça de Asgard, o título mostra como Loki passa a se conhecer melhor, sabendo de seu papel como contraponto de Thor, em uma jornada em que a carência por amor acaba sendo saciada pelo medo que ele quer exercer sobre todos os 9 reinos. Ou seja, Os Julgamentos de Loki se faz uma ótima análise e apresentação da mente ardilosa do antagonista que não conseguimos odiar.