A Guerra do Amanhã entretém com salada de clichês

Carlos Bazela
A Guerra do Amanhã é salada de clichês com tempero acertado

Quando saíram os primeiros trailers de A Guerra do Amanhã, a sensação era de que nada de novo viria do longa estrelado por Chris Pratt (Guardiões da Galáxia). Contudo, a sensação depois de ver produção original do Amazon Prime Video, que chegou ao catálogo no último dia 2 (assista aqui), é de satisfação. Não por ser algo totalmente fora da promessa, mas pela capacidade do filme entregar algo bem elaborado, que foge do previsível, ainda que use uma série de clichês como alicerce.   

Na trama, Pratt é Dan Forester, ex-militar e biólogo, que leciona no ensino médio e procura por um emprego de pesquisador em um laboratório, para deixar para trás de vez os dias de professor. Forester vive com a esposa, Emmy (Betty Gilpin, de Glow), e a filha Muri (Ryan Kiera Armstrong, de It – Capítulo 2) de 9 anos que, como o pai, demonstra aptidão para as ciências.

Mas, tudo começa a mudar para a família quando soldados saem de um portal no meio da final da Copa do Mundo do Catar – que, por sinal, profetiza o Brasil como uma das seleções disputando a taça. O exército diz ter vindo do futuro e pede ajuda para recrutar soldados que deverão ser enviados a daqui 30 anos enfrentar os “Garras Brancas”, uma espécie alienígena que pode colocar um ponto final na humanidade e em todos os outros seres vivos do planeta.

Ao longo do tempo, mais e mais soldados caem e, com os números jogando contra, as Nações Unidas decidem decretar convocação compulsória de civis para a batalha. A missão deles: sobreviver 7 dias no futuro até que uma braçadeira temporal os traga de volta. Forester, claro, é um dos convocados e, mesmo contra sua vontade, decide encarar a missão e embarcar para a tal guerra do amanhã do título.

Ingredientes conhecidos

Com a premissa acima, A Guerra do Amanhã costura dois dos mais batidos gêneros da ficção científica: viagem no tempo e batalha contra alienígenas. Entretanto, mesmo recheado de clichês, como o relacionamento de pai e filho no clã Forester e personagens convenientemente postos para um papel específico na trama, o roteiro de Zack Dean (A Fuga) consegue fazer todos esses elementos se complementarem sem se tornarem pedantes e entregando um bom entretenimento.

O diretor Chris McKay (LEGO Batman – O Filme) também acerta a mão ao segurar a ação para dar tempo de construir Dan enquanto personagem, com seus conflitos e frustrações, à medida que contextualiza o espectador em um mundo no qual as pessoas partem para a morte certa e não veem heroísmo nisso. Ainda há o devido espaço para protestos antiguerra ao redor do globo e um clima pessimista – vindo da garantia da derrota. Os momentos de tensão, que seguram ao máximo o visual das criaturas, também são um recurso bem explorado pelo cineasta.

Já a parte mais cerebral da coisa, consegue ser descomplicada sem ser simplista, como Independence Day (1996) fez em com o vírus de computador. Aliás, Yvone Strahovski (O Conto da Aia) e Sam Richardson (Veep) se saem bem no papel de gênios residentes. Principalmente ela, que se mostra à vontade tanto no laboratório quanto nas cenas de combate e acaba superando o Chris Pratt, que convence mais como soldado do que como professor e cientista.

Resultado saboroso

Outro acerto importante de A Guerra do Amanhã é o design e a concepção dos inimigos de outro mundo. Bastante inspirados pela ideia de infestação, presente de Aliens – O Resgate (1986) a Tropas Estelares (1997), as criaturas mortais e resistentes se mostram uma ameaça capaz de dar um fim na vida do planeta, fugindo do lugar comum de invasores tecnologicamente mais evoluídos do que nós.

Assim, a nova produção do Prime Video serve muito do que os fãs do gênero já provaram antes, ao ponto de ser possível identificar as referências, mas com um tempero novo, que acaba agradando ao paladar. Inclusive com material que pode ser aproveitado como gancho em uma possível sequência.

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