Dizem que a vingança é um prato que se come frio. Em “O Menu” (The Menu, EUA, 2022), novo filme da Searchlight Pictures, a revanche é servida quente, recém-saída do forno. Estrelado por Ralph Fiennes (“Harry Potter“), Anya Taylor-Joy (O Gambito da Rainha) e Nicholas Hoult (Tolkien), o longa chega aos cinemas nesta quinta-feira (1) oferecendo um suspense de tom debochado sobre luta de classes. Nele, um grupo da alta sociedade se depara com o que deve ser sua “última ceia”.
No roteiro de Seth Reiss (Onion SportsDome) e Will Tracy (Succession), Tyler (Hoult) e Margot (Taylor-Joy) viajam a uma ilha para uma experiência gastronômica. Gastando horrores, o casal está prestes a provar os sabores do restaurante Hawthorne quando começa a desconfiar de sua sorte. Para começar, o chef, Slowik (Fiennes), age como o líder de um culto sinistro, tendo sua equipe em completa submissão. O clima piora com a rispidez com que a assistente, Elsa (Hong Chau, de Watchmen), trata os clientes.
E, assim, a obra se desenvolve, colocando camadas de situações absurdas uma sobre a outra. Como exemplo, imagine um cozinheiro que sabe o nome de cada visitante ou uma recepcionista que se nega a falar sobre o cardápio. Aqui, tem de tudo.
Crítica indigesta
Dirigido por Mark Mylod (Shameless), o título tira sarro dos mais famosos estereótipos encontrados num restaurante chique. Tyler é o fã que diz saber tudo sobre o processo da cozinha, mas se garante mesmo é nas fotos dos pratos que tira para postar online. Lillian (Janet McTeer, de Jessica Jones) é a crítica de gastronomia que acredita que Slowik lhe deve após uma avaliação positiva anos atrás. Richard (Reed Birney, de Home Before Dark) é um ricaço que acha que a solução de qualquer problema sai de sua conta bancária.
Fechamos a lista com um ator decadente interpretado por John Leguizamo (John Wick: Um Novo Dia para Matar). Perceba como é um elenco recheado de talentos que atuam com maestria, deixando a impressão de estar se divertindo com a irreverência da trama.
Cada uma dessas figuras (ou aquilo que representam) foi responsável por desencadear a ira de Slowik, que decidiu botar um fim em tudo (e a todos) em um jantar matador. É um senso de justiça deturpado, mas eficaz em fazer rir – por ser tão absurdo.
Por conta da casa
Entre tantos indivíduos que não estão em alta conta com o chefe de cozinha, se sobressai o aroma operário de Margot. Apesar de estar no mesmo ambiente que os outros, ela não se mostra impressionada pelo preço e requinte dos pratos, questionando ainda a brutalidade do serviço para com os clientes. A descoberta sobre as origens da personagem e seus dilemas para lidar com a ameaça de garfos, facas e fogo acaba sendo o destaque da história, arrancando risos em um dos diálogos mais surreais do ano.
No fim das contas, “O Menu” brinca com o suspense, sempre fazendo piada com seu conceito distorcido de justiça social. Para quem quer se fartar de humor ácido, assistir ao longa fará sair da sessão de barriga cheia.