Sem acordo para a renovação das séries da Marvel, a Netflix começou a investir em uma nova remessa de super-heróis, que também foram extraídos das histórias em quadrinhos. Sim, a série The Umbrella Academy estreou no serviço de streaming, como adaptação da recente e aclamada obra escrita por Gerard Way (vocalista do My Chemical Romance) e ilustrada por Gabriel Bá, e rapidamente caiu nas graças do público e crítica – como veremos a seguir.
Composta por 13 episódios, a 1ª temporada da atração entrou no catálogo em fevereiro deste ano, sob o comando dos showrunners Steve Blackman (Fargo) e Jeremy Slater (O Exorcista). Como nas HQs, a trama repercute o misterioso nascimento de 43 crianças com superpoderes em 1989 e o que acontece às 7 delas que são adotadas e crescem sob a tutela de Sir Reginald Hargreeves (Colm Feore, de A Batalha de Riddick), um excêntrico cientista.

O grupo conta com Luther (Tom Hopper, de Black Sails), dono de um corpanzil de gorila, Allison (Emmy Raver-Lampman, de Jane the Virgin), capaz de influenciar gente com seus “boatos”, Diego (David Castañeda, de Sicário: Dia do Soldado), lutador especialista em lâminas, Klaus (Robert Sheehan, de Misfits), que enxerga e invoca os mortos, Número Cinco (Aidan Gallagher, de Nicky, Ricky, Dicky & Dawn), que viaja no tempo, e “comum” Vanya (Ellen Page, de Juno).
Conhecida mundialmente, a equipe The Umbrella Academy é desmantelada ao longo dos anos e, nos dias atuais, se vê reunida novamente após a enigmática morte de Reginald Hargreeves. Para completar, isso coincide com a volta de Número Cinco, que ficou preso por mais de 60 anos no futuro, tendo retornado com mente de adulto e corpo criança. Segundo o viajante temporal, todos precisarão superar suas diferenças para evitar o apocalipse em 8 dias.

Em atrito e às escuras sobre o assassinato de seu pai e o fim do mundo, os protagonistas, que por si só já apresentam grande estranheza, recorrem a figuras tão “normais” quanto o universo criado por Gerard Way pode imaginar: Pogo (Adam Godley, de Link Perdido), um inteligente chimpanzé que fora assistente de Hargreeves, e Grace (Jordan Claire Robbins, de 12 Macacos), cuidadora robótica construída para a função de mãe adotiva dos jovens.
Por se tratar de uma produção estrelada por super-heróis, é claro que não poderiam faltar os vilões. Antigos colegas de trabalho de Número 5 na The Commission (organização que cuida da continuum espaço-tempo), os assassinos Cha Cha (Mary J. Blige, de Pânico: A Série de TV) e Hazel (Cameron Britton, de Stitchers), que demonstram diferentes objetivos e níveis de comprometimento com sua chefe: a impetuosa The Handler (Kate Walsh, de Grey’s Anatomy).

Embora mantenha a linha dos gibis – publicados aqui pela Devir –, o seriado aproveita a nova mídia para propor algumas mudanças. Apesar de presente no enredo da TV, o Condutor, líder da Orquestra dos Malditos, é substituído pelo sinistro Leonard Peabody (John Magaro, de Jack Ryan) como maior gatilho para o armageddon. Com isso – e evitando spoilers –, a personagem de Vanya ganha abordagem mais complexa e humana, o que é um ponto positivo para o live-action.
Opção para sair do lugar-comum, The Umbrella Academy usa sarcasmo e humor ácido para romper paradigmas e estereótipos do gênero e construir protagonistas cativantes, provando que merece vida longa no serviço de streaming. Destaque para as atuações – em especial de Robert Sheehan, que entrega toda a sensibilidade e espirituosidade de Klaus – e para a divertida trilha sonora (ouça no Spotify), com vocais de ninguém menos que Gerard Way.