The Boys: 2ª temporada põe o dedo em feridas políticas dos EUA e ri disso

Carlos Bazela

The Boys é uma das séries mais comentadas da atualidade. Porém, se antes ela era referida quase genericamente como um programa de super-heróis, a sua 2ª temporada, cujo último episódio chegou ao Amazon Prime Video na noite desta quinta-feira ((09/10), mostrou que o show pode ir bem além de entretenimento de nicho.

Com o capítulo final veiculado faltando pouco mais de um mês das eleições presidenciais norte-americanas, o novo ano veio forte no viés político. Desinformação, memes e discurso de ódio se provam como armas perigosas – e eficazes – para engajar a população no caminho do neonazismo, pavimentado pela extrema direita.

Os valores distorcidos de Capitão Pátria se juntam aos anseios nazistas de Tempesta. (Foto: Amazon)

Afinal, quando um super-herói é quem argumenta, fica quase irresistível discordar. Dessa forma, cria-se nesse segundo ano um tom de tensão crescente, que ganha ainda mais fôlego pela forma como ele foi disponibilizado, em episódios semanais. E ainda há espaço para avançar no arco de Kimiko (Karen Fukuhara, de Esquadrão Suicida) sobre imperialismo dos Estados Unidos e discutir assuntos como racismo e sexualidade, com A-Train (Jessie T. Usher, de Shaft) e Maeve (Dominique McElligo, de House of Cards).

Mas, o programa do Prime Video não virou um thriller político sério. Ainda que o humor vindo da paródia de heróis conhecidos dê um tempo na nova temporada, o sarcasmo está ali a todo momento. E a série continua com sua arte de fazer o público rir de passagens erradíssimas ao ponto de se sentir culpado por isso. Stormfront (Aya Cash, de O Lobo de Wall Street) e o Capitão Pátria (Antony Starr, de Banshee) que o digam.

Ainda fiel aos quadrinhos

E quem é fã de Garth Ennis também pode ficar tranquilo. The Boys segue fiel aos quadrinhos de muitas formas. Se o enredo da trama não está seguindo à risca as HQs do roteirista irlandês, os personagens são exatamente os mesmos que vemos se desenvolver nos quadrinhos.

Assim, Hughie (Jack Quaid, de Jogos Vorazes) e Annie, a heroína Starlight, (Erin Moriarty, de Capitão Fantástico) continuam querendo fazer a coisa certa, mas sem saber direito como e Mother’s Milk (Laz Alonso, de Velozes & Furiosos 4) se mostra o paizão da turma. Enquanto Frenchie (Tomer Capon, de Fauda) abraça o papel de protetor de Kimiko.

Os rapazes retornam mais p…. do que nunca com os pretensos super-heróis. (Foto: Amazon)

Já Butcher (Karl Urban, de O Senhor dos Anéis) está ainda mais condizente com o personagem da HQ, se revelando um obcecado manipulador que, na maioria das vezes, mostra que seu maior sentimento é o ódio pelos supers. E não o amor por Becca (Shantel VanSanten, de The Flash), como ele quer passar.

Mas sim, há passagens vindas diretamente das páginas dos gibis. Como o extremamente violento ataque de Kimiko à máfia russa e um avantajado paciente do hospital sob aos cuidados de Lamplighter (Shawn Ashmore, o Homem de Gelo da primeira trilogia de filmes dos X-Men).

Universo próprio

No mais, The Boys está amarrando muito bem os fios de seu universo próprio na TV aos elementos das HQs. E a escolha de pesar a mão na política, ao invés de abordá-la com o escracho do gibi, se mostrou um excelente acerto no streaming.

Afinal, as perversidades cometidas pelos pretensos heróis ganham mais substância quando trazem os capítulos mais vergonhosos da humanidade como motivação. Mais do que o egocentrismo puro e simples do primeiro ano.

E ainda fica o alerta para os rumos do mundo real em tempos tão decisivos. Principalmente para os norte-americanos.

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