Primeiras impressões: O Escolhido é suspense sobrenatural com crítica social

Apostando mais em produções nacionais, o serviço de streaming Netflix irá lançar a série O Escolhido nesta sexta-feira (28/06) – após evento em São Paulo com entrevista do elenco –, com uma história de suspense sobrenatural recheada de crítica social. Embora não tenha raízes no Brasil – o título é uma adaptação da mexicana Ninõ Santo –, o programa tem direção de Michel Tikhomiroff (O Negócio) e roteiro coescrito por Raphael Draccon (Supermax) e Carolina Munhóz, além de absorver elementos da mitologia da região pantaneira.

Com acesso antecipado aos primeiros quatro episódios da atração, pudemos acompanhar a jornada de três médicos, Lúcia Santeiro (Paloma Bernardi, de Insensato Coração), Damião Almeida (Pedro Caetano, de Luz do Sol) e Enzo Vergani (Gutto Szuster, de (Des)encontros), que viajam até o isolado vilarejo de Aguazul para vacinar sua pequena população contra uma mutação do vírus da Zika. No entanto, quando os habitantes locais rejeitam a medicina, os protagonistas começam a suspeitar de que algo de misterioso se esconde na cidade.

Os heróis da saúde pública investigam a lenda da cobra Minhocuçu. (Foto: Netflix)

O título mostra notável inspiração nos sucessos de Twin Peaks e Lost para desenvolver algumas camadas de mistérios (alguns clichês, coisas “normais” de toda cidadezinha macabra) para envolver e aumentar a tensão da história, que tem como principal diferencial a ambientação brasileira – em certo momento, é possível observar uma ambulância do “SIS”. E então é apresentado o personagem chamado de “Escolhido” (Renan Tenca, de 3%), que aparece como uma espécie de curandeiro/líder religioso – selecionado por Deus para salvar Aguazul.

Apesar de pequenos erros de produção, O Escolhido se prova interessante porque coloca seus personagens principais diante de situações que lhes fazem questionar a ciência para investigar os enigmas da fé, assim como permite que uma sociedade reclusa, encabeçada pelo capataz Mateus (Mariano Mattos Martins, de Na Selva das Cidades), seja seduzida pelas maravilhas do mundo moderno. Aliás, o atrito de perspectivas se dá até mesmo entre o trio de protagonistas, que discutem problemas como machismo, racismo e outras injustiças sociais.

Será que o Escolhido tem mesmo os poderes de Deus? (Foto: Netflix)

Dona de bom jogo de luz e sombras para amedrontar, a série faz uso de trama fantasiosa para discorrer sobre situações corriqueiras na imensidão de nosso país e, por isso, merece uma chance de ser assistida.

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