Os Novos Mutantes e por que o gênero “filme de super-herói” precisa acabar

Carlos Bazela

Na redação do BN, comentávamos sobre Os Novos Mutantes, filme da Fox e Marvel, que acabou tendo sucesso aquém do esperado e foi detonado em muitas críticas mundo afora (leia a nossa aqui). Sem entrar em discussão sobre o que prejudicou a produção ou se houve algum excesso por parte dos críticos, o fato do longa não ser bem aceito como produto de entretenimento é triste, para começo de conversa.

Quando anunciado, Os Novos Mutantes prometeu desde o início uma aventura rica em carga dramática e até um flerte com o terror. Afinal, víamos os personagens das histórias da Marvel trancafiados em uma instituição com sua sanidade levada ao limite, em vez de nos mostrar uma nova geração de X-Men se preparando para integrar o time principal.

Veja bem, goste você ou não da ideia central do filme, o fato é que ela ter sido levada adiante a ponto de ir para a telona, já merece respeito só por tirar super-heróis daquele contexto de sempre, no qual a equipe sempre tira forças do impossível e aprende a trabalhar junta para superar uma ameaça que coloca seu universo em xeque. É algo que gostamos de ver? Sim. Mas, não significa que todo filme de herói, principalmente com personagens de uma franquia mainstream, deva ser sempre essa mesma coisa.

E estão aí Logan e Capitão América 2: O Soldado Invernal para provar que podemos ter ótimos filmes de personagens já consagrados quando a produção resolve sair da caixa e ir além do que se espera deles. Assim como já é feito nos quadrinhos. Não por acaso, essas duas produções seguiram insights que vieram direto do papel, como a saga O Velho Logan e O Soldado Invernal, arco escrito por Ed Brubaker – também publicado aqui em encadernado pela Panini – para o Sentinela da Liberdade, caracterizado pelo roteiro sóbrios em tom de espionagem.

Logan levou muitos fãs às lágrimas pela sua intensa carga dramática.

Nas HQs, aliás, cada vez mais os super-heróis são colocados em contextos diversos e diferentes do que estamos acostumados. Contágio, por exemplo, é uma divertida história com jeito de filme B da década de 1980. E estão lá os Vingadores e o Quarteto Fantástico, fazendo parte de uma trama fora de seu ambiente natural e ainda sendo eles mesmos.

Cidade Castigada é mais pé no chão: a saga que traz o Batman revirando a cidade para trazer um suspeito de feminicídio à justiça. Veja bem: não é um plano maligno do Espantalho no qual ele precisa salvar toda Gotham com seus gadgets e veículos, mas uma história de detetive, que explora tudo que o personagem é e defende, deixando em segundo plano seus grotescos e carismáticos vilões. Algo que esperamos muito ver no filme de Matt Reeves, que estreia ano que vem.

No fim, super-heróis são personagens mais complexos do que se imagina. O suficiente para que funcionem em histórias dos mais variados estilos sem perderem sua essência. Então, que venham as comédias, dramas e thrillers com Vingadores, Liga da Justiça e etc. Afinal, se o papel foi pouco peara grandiosidade desses personagens, não é possível que os filmes de super-heróis se resumam a apenas um gênero cinematográfico, não é mesmo?

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