Contágio é história empolgante com ares de filme de terror B

Carlos Bazela

Uma espécie de fungo começa atacar pessoas nos subterrâneos de Nova York e chega à superfície, vitimando pessoas normais e os mais poderosos heróis da Marvel. Desde o Quarteto Fantástico até os Vingadores. Como se isso não fosse o bastante, a ameaça parece ter resquícios da magia de K’un Lun, a terra do Punho de Ferro. Essa é a premissa de Contágio, quadrinho encadernado em edição única publicado no Brasil pela Panini.

A história inicia com Pardal encontrando duas pessoas mortas no porão de um monastério em K’un Lun, ambas cobertas por uma espécie de gosma colorida. Na sequência, corta para Nova York, com o Coisa indo ao metrô para ajudar dois delinquentes da Gangue da Rua Yancy. Lá, ele é atacado por toupeiroides, as criaturas criadas pelo Toupeira mais agressivas que de costume. E cobertas pela mesma gosma.

Contágio é história empolgante com ares de filme de terror B

Tudo começa a tomar outras proporções quando o restante do quarteto surge para ajudar e é subjugado por um homem vestindo farrapos, que não só coloca Reed Richards, Sue e Johnny Storm em coma, como rouba seus poderes. Transmitido por contato, não demora para que o fungo tome conta de boa parte da cidade, infectando, inclusive os Vingadores.

Cabe agora aos não infectados, que incluem o Punho de Ferro, Jessica Jones e ao Coisa conter o surto usando desde força bruta contra os companheiros sob controle da doença até a providencial ajuda de magos, como o Doutor Estranho e a M.O.L.E. (Mágicos Organizados Numa Liga Especial).

Com terror, mas sem gatilhos

Ler uma história sobre infecção e pandemia em pleno 2020 poderia ser o suficiente para trazer à tona alguns gatilhos. Mas, não é o caso de Contágio. O início, com a origem da doença e após seus desdobramentos com um começo simples e consequências gigantescas beiram ao terror, mas está mais para os filmes do tipo B, que se tornaram cult. Há alguns sustos e uma dose de tensão ali, mas nada gráfico o suficiente para deixar ninguém em choque. E a HQ, inclusive, brinca com isso em suas últimas páginas.

Porém, a forma como a trama de Ed Brisson se desenrola deixa o leitor apreensivo e sem saber o que esperar do capítulo a seguir, como uma situação realmente extrema, na qual os heróis correm contra o tempo para vencer o contágio.

Outro ponto de destaque é a arte, assinada por Rogê Antônio, Stephen Segovia, Damian Couciero, Mack Chater e Adam Gorham, nos desenhos, enquanto as cores ficam por conta de Veronica Gandini e Andrew Crossley. Com ares de A Bolha Assassina, a parte gráfica consegue assustar sem descambar muito para o horror e ajudando a manter a história em equilíbrio.

Por falar em equilíbrio, a forma como o roteiro trabalha múltiplos personagens poderosos e amarra as pontas para tirá-los de cena é outro acerto de Contágio, que tem como foco os heróis urbanos, popularizados pelas séries da Netflix.

Divertida e original

No final, o resultado é uma HQ interessante, que tira os heróis de sua zona de conforto e ainda reserva espaços para reviravoltas no meio do caminho e um desfecho impensado para o leitor. E, ainda que vírus, pandemias e pragas já sejam temas recorrentes nos quadrinhos, traz certa dose de originalidade.

Uma aventura divertida, portanto, que começa e termina na mesma edição. Indicada a todos os leitores da Casa das Ideias, dos novos aos veteranos. Até os que estão há muito tempo sem abrir uma HQ do universo regular da Marvel.

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