Em um histórico recente, que inclui Ad Astra (2019) e Interestelar (2014), filmes que olham para o espaço costumam trazer reflexões sobre nossa existência. George Clooney, que já teve essa experiência com o vencedor do Oscar Gravidade (2013) e Solaris (2002), retorna a esta atmosfera em O Céu da Meia-Noite (The Midnight Sky, EUA, 2020), como diretor e principal estrela do novo filme original da Netflix. O longa teve lançamento em 23 de dezembro.
Na adaptação do livro “Good Morning, Midnight”, de Lily Brooks-Dalton, Clooney interpreta o cientista Augustine, que vive solitariamente em uma estação de pesquisa no Ártico, em 2049, em uma Terra que sofreu algum tipo de catástrofe (não detalhada ao longo dos 1h58min de duração da obra) e se tornou praticamente inabitável. Neste cenário, o protagonista segue seus dias tratando de um câncer e envenenado pelas decisões que tomou no passado.
Isso muda quando Augustine encontra a garotinha Iris (Caoilinn Springall, estreante), pois o aparecimento da criança o faz pensar em alguém que não seja a si mesmo, algo que acabou prejudicando sua vida pessoal décadas atrás. Em alguns flashbacks, o telespectador acompanha uma versão mais jovem de Augustine (Ethan Peck, de Star Trek: Discovery) e disposta a sacrificar o amor e a família para achar um novo planeta para a humanidade.
Acertando as contas com o passado
Quando tenta acionar estações fora da Terra para salvar a menina, o personagem faz contato com uma tripulação de astronautas, composta por Sully (Felicity Jones, de Rogue One: Uma História Star Wars), Adewole (David Oyelowo, de Rainha de Katwe), Mitchell (Kyle Chandler, de Super 8), Sanchez (Demian Bichir, de A Freira) e Maya (Tiffany Boone, de Hunters). Mas, quando eles decidem vir à Terra, Augustine deve alertá-los sobre as condições do planeta.
Nada é o que parece
Se distanciando da ficção científica, a produção foca no drama. Assim, quando se encaminha para o final, O Sol da Meia-Noite pode frustrar por oferecer um desfecho aberto e totalmente concentrado em Augustine. Nesse aspecto, apesar de previsível, parecem faltar explicações que conectem com mais clareza a história do protagonista a dos astronautas. E essa falta de informação sobre o que está acontecendo dá a sensação de que o filme se arrasta.
Denso e reflexivo, o longa segue exatamente o padrão de qualidade das viagens espaciais de George Clooney, o que garante o sucesso com o público cativo do gênero, mas não o torna memorável.