Inspirado em um conto publicado por A.S. Byatt no livro “The Djinn in the Nightingale’s Eye”, em 1994, o longa Era Uma Vez Um Gênio (Three Thousand Years of Longing, EUA/Austrália, 2022) marca o retorno do diretor George Miller aos cinemas – vale lembrar que Mad Max: Estrada da Fúria, de 2015, havia sido seu último trabalho. Já em cartaz, a história funciona como uma fábula sobre amor, magia e as mazelas da vida.
Trazido pela Paris Filmes, o título gira em torno de Alithea (Tilda Swinton, de Doutor Estranho), uma solitária estudiosa de narrativas, que viaja a um congresso em Istambul, na Turquia. Em seu caminho, acaba um estranho objetivo, que não demora muito para se revelar uma lâmpada mágica, da qual sai “O Gênio” (Idris Elba, de Esquadrão Suicida). Como em Aladdin, a figura mítica promete realizar 3 desejos da protagonista.
Mas, em um mundo em que tudo pode ser medido em números, padrões viram objeto de estudos e que muito da História já foi catalogado, Alithea encontra dificuldade para acreditar em seu benfeitor mitológico. Afinal, segundo a própria personagem, qual conto sobre pedidos não terminou mal?
Ceticismo x romantismo
Pela natureza de sua profissão, Alithea passa a perguntar sobre a jornada do Gênio até ali, numa tentativa de entender suas intenções e de estabelecer se está diante de alguém bom ou ruim. Ela custa a acreditar que uma entidade tão poderosa assim jamais poderia acabar aprisionada, mas, aos poucos, o gigante misterioso lhe mostra que o amor pode derrubar até mesmo as maiores forças que a fantasia conhece.
Seja pela atmosfera enigmática ou pelas atuações competentes de Swinton e Elba, Era Uma Vez Um Gênio consegue envolver em todos os minutos de sua 1h48 de duração, fazendo o público refletir sobre o que seu coração desejaria caso estivesse na mesma situação de Alithea. Como boa fábula, existe uma “moral da história”, que é alcançada pela postura cética da personagem em buscar o que de mais mágico poderia querer.
Mesmo sem tanto alarde, o longa é uma boa pedida em termos de enredo, encabeçado por um time de veteranos talentosos.
