Escolhido para fazer a iniciação do Universo Cinematográfico Marvel ao mundo místico, Doutor Estranho chega aos cinemas do Brasil em 2 de novembro, com um elenco excepcional, composto por Benedict Cumberbatch (Sherlock), Chiwetel Ejiofor (12 Anos de Escravidão), Tilda Swinton (de “As Crônicas de Nárnia”), Rachel McAdams (Spotlight: Segredos Revelados) e Mads Mikkelsen (Hannibal). Dirigido por Scott Derrickson (A Entidade), o filme apresenta o clássico visual psicodélico dos quadrinhos num típico filme de origem de super-herói.
Na estreia do personagem conhecido como Mago Supremo, criado em 1963, pela ilustre dupla Stan Lee e Steve Ditko, a Marvel Studios se atém a contar os primórdios da jornada de Stephen Strange (Cumberbatch) rumo ao desconhecido reino da feitiçaria, com algumas adaptações, porém, essencialmente fiel às suas HQs iniciais. Citado anteriormente em Capitão América 2: O Soldado Invernal, Strange é descrito como um médico bem-sucedido, exigente e de ego inflado, que adora menosprezar seus colegas no hospital e aceita somente casos lucrativos e que promovam sua carreira.
Entretanto, após sofrer um grave acidente enquanto dirigia sua Lamborghini, o arrogante neurocirurgião se vê impossibilitado de operar novamente (pois suas mãos foram danificadas), e recusa até mesmo a ajuda de sua amiga e ex-namorada, a Dra. Christine Palmer (McAdams). Embora veja sua fortuna ser gasta em tratamentos experimentais sem obter resultados, o protagonista se nega a aceitar sua condição. Então, Stephen descobre uma opção alternativa. Na busca pelos poderes curativos d’A Anciã (Swinton), ele segue para Kamar-Taj, no Nepal.
Apesar de seu ceticismo, Strange vislumbra inúmeras possibilidades e permanece para receber os ensinamentos da misteriosa mestra, Mordo (Ejiofor) e o guardião da biblioteca do templo, chamado apenas por Wong (Benedict Wong, de Marco Polo). Mas, se os benefícios vindos destes conhecimentos podem ser muitos, os perigos também. Kaecilius (Mikkelsen) e seus Fanáticos – ex-discípulos da Anciã – representam isso, uma vez que procuram conquistar a vida eterna ao invocarem Dormammu, o senhor da Dimensão Negra, para a Terra – está aí o principal conflito do longa.
O filme “diferentão” da Marvel, Doutor Estranho aposta numa experiência de psicodelia, viajando por dimensões distorcidas e repletas de padrões geométricos (como na realidade espelhada), que são características tradicionais vistas em suas histórias em quadrinhos, especialmente as ilustradas por Ditko. Filmada em Londres, Nova York, Katmandu (Nepal) e Hong Kong, a produção traz coreografias inspiradas nas artes marciais orientais e importa dos gibis a utilização de runas e a conjuração de armas faiscantes (isso pode ser observado na minissérie Strange, de 2004).
Contudo, alguns elementos são repetidos para quem acompanha universo Marvel nas telonas, como a escolha de um vilão descartável e de menor expressão e o humor presente inclusive nos momentos mais tensos (funciona com Wong, mas não com a Anciã!). Mesmo que a trilha sonora de Michael Giacchino remeta ao rock progressivo dos anos 70 e 80 – o período em que o Doutor Estranho teve seu auge –, é sentida a falta de algo mais ligado às suas aventuras nas HQs, como as lutas com Dormammu e a profundidade da graphic novel Shamballa, por exemplo.
Para os leitores do Mestre das Artes Místicas, atenção para o poderoso Olho de Agamotto (uma Joia do Infinito) e do manto de levitação, a construção precisa do Sanctum Sanctorum (no endereço 177A Bleecker Street) e as menções a nomes como Watoomb e Valtor (frequentemente evocados por Strange nos quadrinhos). Se você curte easter eggs, verá a Torre dos Vingadores em Nova York e referências ao Tribunal Vivo (de Vingadores: Guerra Infinita) e ao acidente sofrido pelo coronel James Rhodes (Don Cheadle, de Hotel Ruanda), em Capitão América: Guerra Civil. Além disso, claro, Stan Lee não deixa de fazer sua aparição.
Diferente, mas bastante familiar, Doutor Estranho tem duas cenas pós-créditos e sequência anunciada.
Doutor Estranho (Doctor Strange, EUA, 2016) estreia nos cinemas brasileiros em 2 de novembro.