‘Capitão América 4’: entre espionagem e pontas soltas

Capitão América: Admirável Mundo Novo fica entre espionagem e pontas soltas
Foto: Marvel Studios

Após o desfecho dado a alguns dos Vingadores clássicos em “Ultimato“, de 2019, a Marvel Studios prometeu aos fãs uma sequência de seu universo com uma variedade ainda maior de personagens. Estrelado por Sam Wilson (Anthony Mackie), o antigo Falcão, Capitão América: Admirável Mundo Novo é parte dessa promessa.

Apresentado em Capitão América: O Soldado Invernal (2014), Wilson surgiu como ajudante de Steve Rogers (Chris Evans), aparecendo cada vez mais nas produções seguintes como uma figura carismática. Como nos quadrinhos, ele acaba herdando de Rogers o manto e, principalmente, seu escudo.

Tanto nos gibis quanto no filme, um Capitão América negro se faz necessário para um “mundo novo” por diversos motivos. Originalmente, ter Sam Wilson no papel reflete a necessidade de se ter um Capitão América que represente a diversidade nos Estados Unidos, que seja a voz dos oprimidos e defenda seus direitos diante de vilões (e até mesmo do governo). Infelizmente, é preciso dizer que um herói com essa pauta desagrada as partes opressoras e mais alienadas.

Conspiração e política

Com 1h58 de duração, o longa dirigido por Julius Onah (O Paradoxo Cloverfield) começa detalhando o cenário político dos EUA, que agora tem Thaddeus Ross (Harrison Ford, dando continuidade ao personagem após a morte do ator William Hurt) na presidência. Vale lembrar que Ross foi o general que caçou e prendeu alguns Vingadores que eram contra o Tratado de Sokovia, em Capitão América: Guerra Civil (2016). Ele acabou conhecido pelo seu temperamento explosivo.

Dito isto, a trama realmente tem seu gatilho com uma operação desastrada da Sociedade da Serpente, liderada pelo Coral (Giancarlo Esposito), no roubo de adamantium do que chamam de Ilha Celestial – ou seja, finalmente uma repercussão de Eternos (2021). Entre novidades e pontas soltas, a produção tira aquele senso de onipresença dos heróis, que faz sentido, uma vez que “Admirável Mundo Novo” aborda bastante o fato que seu protagonista é um homem sem superpoderes (e com limites).

Até por isso, Sam Wilson conta com uma equipe de apoia, que inclui um novo Falcão, Joaquin Torres (Danny Ramirez), e o comandante Dennis Dunphy (William Mark McCullough). Ambos bem fiéis, em essência, às suas versões nas HQs. O primeiro Capitão América, Isaiah Bradley (Carl Lumbly), também integra o círculo de confiança de Wilson.

As coisas se complicam quando o “Team Cap” vira alvo de uma emboscada na Casa Branca. Diante disso, o título é competente em criar um clima de desconfiança, sendo difícil prever qual a ameaça e de onde estão vindo os ataques.

Duelos de desiguais

Geralmente, filmes de heróis são focados em lutas entre contrapartes, figuras com características equivalentes. Porém, a narrativa aqui e todo o seu marketing foram construídos em volta do confronto entre o novo Capitão América e o Hulk Vermelho (Ross). É um atrativo bastante interessante, mas que é tratado de maneira tão pés no chão quanto possível, sendo o ápice da produção.

Acontece que esta não é a única batalha desnivelada travada por Wilson. Ele encara em simultâneo Samuel Sterns (Tim Blake Nelson), conhecido como “O Líder“, um gênio do crime cujo cérebro é impulsionado por radiação gama. Na prática, o Capitão América sem Soro do Supersoldado deve encarar nada menos do que dois antagonistas dos quadrinhos do Hulk.

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Foto: Marvel Studios

A presença de Sterns serve para reconectar a mitologia do Gigante Esmeralda, iniciada pelo longa estrelado por Edward Norton (Bruce Banner) e Liv Tyler (Betty Ross). Essa valorização do legado do MCU é tão positiva quanto a noção de que as ameaças aos EUA e ao mundo vêm escalando.

E, planejando o futuro, a chegada do Hulk Vermelho indica um reforço aos Thunderbolts – Ross leva o apelido de “Thunderbolt”, o que não deve ser à toa.

Veredito

Verdades sejam ditas. Capitão América: Admirável Mundo Novo não possui a vibe clássica que teve “O Primeiro Vingador“, de 2011, nem o peso do thriller “O Soldado Invernal“. Não é demérito. Esse quarto capítulo da saga da Sentinela da Liberdade explora os dramas e desafios de um personagem diferente, em tempos distintos no MCU e para o estúdio por trás dele.

Sendo assim, o primeiro título da Marvel em 2025 acerta por apostar na atmosfera de suspense e espionagem, a própria abertura tem um visual setentista que casa com essa pegada. Além disso, as reflexões sobre o valor de uma pessoa comum fazendo seu melhor e os elementos culturais afro-americanos e latinos dão ao filme a cara do Capitão América Sam Wilson.

ATENÇÃO: há somente 1 cena pós créditos.

Quer saber mais sobre Sam Wilson? Então, confira nosso review de Falcão e o Soldado Invernal.

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