Eternos muda tudo para a Marvel nos cinemas

Carlos Bazela
Eternos muda tudo para a Marvel nos cinemas

Disponível no Disney+ desde janeiro, Eternos, longa da Marvel dirigido por Chloé Zhao (Nomadland), que também assina o roteiro com Patrick Burleigh, Ryan Firpo e Kaz Firpo, conseguiu o que nenhum outro da Casa das Ideias havia feito até o momento: dividir as opiniões dos fãs. E, ainda que seja uma conquista controversa, o fato dele oferecer uma experiência diferente do que o MCU vem entregando já é o suficiente para fazê-lo um dos mais importantes dessa nova fase.

Alienígenas com um propósito

Na trama, seguimos Sersi (Gemma Chan, de Humans), Thena (Angelina Jolie, de Tomb Raider), Gilgamesh (Ma Dong-seok, de Invasão Zumbi), Kingo (Kumail Nanjiani, de MIB: Homens de Preto – Internacional), Druig (Barry Keoghan, de Dunkirk), Phastos (Brian Tyree Henry, de Atlanta), Makkari (Lauren Ridloff, de The Walking Dead), Duende (Lia McHugh, de Isolados: Medo Invisível) e Ikaris (Richard Madden, de Game of Thrones).

São seres milenares do planeta Olímpia, eles vivem entre os humanos há séculos, separados, aguardando o chamado de sua líder, a Eterna Primordial Ajak (Salma Hayek, de Frida), depois de Arishem (David Kaye, de Justiça Jovem), um dos Celestiais, autorizar o seu retorno, dando fim para sua missão na Terra.

E que missão é essa? Destruir os Deviantes, raça de predadores que ameaça as criaturas inteligentes e dominantes de cada planeta, impedindo seu desenvolvimento. Porém, o aparecimento de um Deviante em Londres mostra que eles não devem retornar tão cedo para casa e ainda precisarão se unir e colocar diferenças de lado para lutarem juntos mais uma vez.

Para completar, o grupo deve encarar o assassinato de Ajak e a cruel realidade por trás de sua origem. E, como se não bastasse, eles precisam impedir que todo o planeta seja destruído por uma ameaça ainda maior que os Deviantes. Literalmente.

Timing complicado

Não fosse o próprio grupo um material complicado para a Marvel trabalhar, afinal os Eternos não são conhecidos do grande público, como Capitão América, Homem Aranha e cia. Dessa forma, a experiência de conhecer os personagens no cinema, por si só já seria semelhante ao de ver os Guardiões da Galáxia pela primeira vez.

Todavia, diferente do grupo chefiado pelo Senhor das Estrelas, o tom discreto dos heróis milenares vai na contramão de Rocky, Groot e sua trupe e exige um pouco de paciência do espectador.

A estreia nos cinemas, em novembro passado, adiada pela pandemia, também trabalhou contra, deixando Eternos ainda mais longe de Vingadores: Ultimato (leia a crítica). Com isso, a explicação dos motivos para que eles não se envolvessem nos eventos da Saga do Infinito pareciam fazer cada vez menos sentido.

Mas, a partir do momento que se compra essa justificativa, a produção se torna excelente.

Espelhos da humanidade

Mesmo atacado por muitos – inclusive por quem vibrou ao ver Steve Rogers erguer o Mjolnir contra Thanos – Eternos é o respiro que a Marvel precisava. Um filme que anda relativamente sozinho, livre das amarras de um intrincado universo compartilhado.

Durante as 2h36 de duração, é fácil ficar imerso na história e esquecer que a equipe de Sersi e Ikaris reside no mesmo universo de Thor e Hulk. Além disso, ainda que muito mais poderosos do que um bilionário de armadura e um Golias esmeralda, os Eternos se permitem ser falhos.

São personagens guiados por emoções e que cometem erros. Ao mesmo tempo que não hesitam em ir contra o que sempre tiveram como certo para proteger o que é precioso para eles. Como fazem os humanos, com os quais conviveram por tanto tempo.

Experiência diferente

Mesmo sendo uma experiência singular para o espectador, elementos familiares da Casa das Ideias estão lá. Temos sequências de ação com efeitos caprichados e as famosas cenas pós-créditos, inseridas aqui para para preparar terreno para o futuro.

Mas, ainda que os ingredientes estejam lá, o modo como foi feito mostra que Eternos não gira em torno de easter eggs, embora faça questão de se posicionar como parte de um plano maior.

Sendo assim, Eternos não é o filme da Marvel que esperávamos. E, após tudo que foi feito até aqui, é exatamente como ele deveria ser.

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