Falcão e o Soldado Invernal é série necessária aos novos tempos

Falcão e o Soldado Invernal é série necessária aos novos tempos

Seja pelo fim do panteão da primeira geração de Vingadores ou pelas tensões raciais que tomam o planeta, Falcão e o Soldado Invernal é uma série necessária tanto para a Marvel Studios quanto para nós, que a assistimos toda semana desde 19/3. Além de levar diversidade à primeira fila dos Super-heróis Mais Poderosos da Terra, a produção criada por Malcolm Spellman (Empire: Fama e Poder) lança olhar atento sobre questões políticas e sociais.

Composta por 6 episódios, a 1ª temporada da atração do Disney+ se concentra nos dois antigos parceiros do Capitão América, Sam Wilson/Falcão (Anthony Mackie) e Bucky Barnes/Soldado Invernal (Sebastian Stan), que relutam para lidar com seus próprios problemas após o Blip e sentem o peso do legado de Steve Rogers. Enquanto Sam precisa se adaptar ao escudo que herdou, Bucky tenta reparar suas ações como matador.

Nova ordem mundial

Com uma visão mais ampla do mundo no Universo Cinematográfico Marvel, o seriado mostra que durante os 5 anos em que metade da população foi apagada, a parte restante foi acolhida em cidades e países diferentes de sua origem, atuando como mão-de-obra e recebendo abrigo, comida, atendimento médico etc. Porém, com a derrota de Thanos, as pessoas que desapareceram retornaram reavendo seus bens. Isso fez os itinerantes não serem mais bem-vindos.

Como resultado do desamparo aos necessitados, surge o grupo conhecido como Apátridas, que protesta mundo afora pelos direitos daqueles que os governos pareceram esquecer e usa métodos bruscos para conseguir recursos para quem precisa. Sua líder é Karli Morgenthau (Erin Kellyman, de Han Solo: Uma História Star Wars), que revela comandar um exército de Super Soldados que receberam uma réplica do soro que transformou Steve Rogers.

O interessante aqui é que Sam, homem negro vindo de uma família pobre, consegue entender a demanda de Karli e não marginalizar completamente sua causa. A ideia é mostrar que o mundo atual é um lugar mais complicado, não havendo uma divisão clara entre heróis e vilões. Tanto é que Barão Zemo (Daniel Brühl) reaparece junto aos protagonistas, dando auxílio na missão de localizar os Apátridas (por interesses próprios, claro) e esbanjando carisma.

O pesadelo americano

Outro ponto impactante é a jornada de Sam Wilson. Steve Rogers o entregou seu escudo e missão, mas… os EUA estão preparados para confiar seus ideais a um afrodescendente? A resposta é John Walker (Wyatt Russell, de Operação Overlord), tido “soldado perfeito”, que além de acumular medalhas em carreira militar, é branco e loiro. Sob a pressão de atender ao legado do Capitão e aos anseios de se provar digno, Walker cede aos instintos mais baixos para dar conta da missão.

O resultado disso é que Sam precisa de aliar a Bucky, entre trancos e barrancos, para lidar com uma versão desequilibrada do Super Soldado – conhecido como “Agente Americano”. O arco desse personagem, aliás, toma um caminho interessante, prometendo seguir por uma linha tênue sob a tutela da inédita (e misteriosa) figura de Valentina Allegra de Fontaine (Julia Louis-Dreyfus, de Seinfeld) – em projetos posteriores a Falcão e o Soldado Invernal.

Justiça e renovação

As histórias do Capitão América são marcadas pela luta por liberdade, mas, hoje, a batalha é por mais. É por reconhecimento, igualdade, justiça. Como subtrama, Sam descobre que existiu outro Capitão América antes de Steve. Apagado pela história, Isaiah Bradley (Carl Lumbly, de Supergirl) sofre por ter sido rejeitado pelo seu país e preso como se tivesse feito algo errado. Junto ao veterano, Sam entende que sempre haverá resistência sobre sua atuação como novo Capitão América, mas que sua presença é necessária e inspiradora.

No núcleo de Isaiah ainda encontramos seu neto, Eli Bradley (Elijah Richardson, de Hospital New Amsterdam), que nos quadrinhos assume o codinome de Patriota, trabalhando com os Jovens Vingadores. Antes disso, há a introdução de Joaquin Torres (Danny Ramirez, de País da Violência), que também nos gibis ascende como novo Falcão. Afinal, novos tempos demandam novas faces, novas vozes, diversidade.

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