Alguns diretores têm estilo tão característico que acabam se sobressaindo sobre as histórias que contam, como são os casos de Quentin Tarantino, Tim Burton e Christopher Nolan, por exemplo. Indicado 7 vezes ao Oscar, Wes Anderson alcançou esse patamar recentemente. Com A Crônica Francesa (The French Dispatch, EUA/Alemanha, 2021), o cineasta emprega seu jeito singular de narrar para prestar homenagens aos tempos mais áureos do jornalismo.
Tendo em vista que, com o avanço das tecnologias e a necessidade de transmissão de informações 24 horas por dia, o jornalismo atual tem sido guiado, em muitos casos, por uma busca a números de acessos, visualizações e inscritos cada vez maiores. Mas, no longa que estreia amanhã (18), Anderson vai à uma fictícia cidade francesa de meados do século XX, onde a redação de uma revista americana e seus repórteres vibram por boas histórias.
No entanto, a morte do editor Arthur Howitzer Jr. (Bill Murray, de Os Caça-Fantasmas) faz com que a equipe se reúna para escrever seu obituário. Com este ponto de partida, o título, em sua duração relativamente curta – de 1h48 –, aposta em um formato capitular para apresentar quatro das matérias que chegaram à mesa de Howitzer. A partir daí, essas narrativas, que não se conectam em nenhum momento, passam a se desenvolver numa sequência.
Talento impresso
Se as histórias em si não têm grande peso para o telespectador – apesar de suas nuances, charme e visual retrô –, a forma com que transcorrem fazem a diferença. Os diálogos cheios de ironias e a narração rebuscada tornam a experiência marcante e, ao mesmo tempo, tão familiar a quem já percorreu a filmografia de Wes Anderson. Os bastidores do jornalismo, trâmites de apurações e excentricidades de seus profissionais também são um deleite.
Se a genialidade de Anderson está presente na condução das tramas, o elenco se garante cena a cena. Afinal, pelo filme, desfilam astros de renome como Benicio Del Toro (Guardiões da Galáxia), Frances McDormand (Três Anúncios para um Crime), Tilda Swinton (Doutor Estranho), Jeffrey Wright (Westworld), Léa Seydoux (007 -Sem Tempo Para Morrer), Adrien Brody (O Pianista), Owen Wilson (Loki) e o galã em ascensão Timothée Chalamet (Duna). Ou seja, um raro espetáculo de talentos combinados!