Vs: De Frente Para O Inimigo faz da guerra um esporte e dá pay-per-view ao leitor

Carlos Bazela
Vs: De Frente Para O Inimigo faz da guerra um esporte e dá pay-per-view ao leitor

Enquanto drones, robôs e outras tecnologias nos fazem imaginar o futuro dos conflitos, como em Zona de Combate (leia a crítica), Vs: De Frente Para O Inimigo, uma minissérie da Image Comics publicada pela Panini em volume único de capa dura, mostra outro caminho possível para o campo de batalha: a mídia.

Ambientada em um planeta que pode ou não ser a Terra e sem se dar ao trabalho de contar quantos anos no futuro a história poderia estar, a HQ acompanha Satta Flynn, soldado de destaque da Guarda Industrial e o maior expoente dos conflitos. Com mais horas de arena do que qualquer outro, o guerreiro de pele azul trouxe muito prestígio para si e para seus patrocinadores. Incluindo os que bancam suas armas e as próteses que substituem membros perdidos em combate.

Tudo vai bem até que Flynn começa a perder espaço para outro membro do seu esquadrão, Devi. Compenetrada e decidida, a moça está com sua carreira em ascensão, mas a popularidade dele com o público impede que ela se destaque. E não é só isso que os fracassos dele estão custando. Embora sejam exibidas como um esporte bilionário, as guerras têm consequências reais, como perda de territórios, fontes de minério, controles de canais de comunicação etc.

Sendo assim, os figurões do jogo decidem que é hora de tirar Flynn de cena. Mas, como fazer isso sem colocar em xeque o prestígio dos espectadores e o quão longe eles estão dispostos a ir? Devi faz parte do jogo e vai trair seu camarada para conseguir os louros que lhe são devidos? As respostas estão nas 144 páginas da HQ escrita por Iván Brandon, com arte de Esad Ribic e cores de Nic Klein.

Um oferecimento de…

O mundo distópico de Vs: De Frente Para O Inimigo ganha vida não só pela arte de Ribic e Klein, mas pelos conceitos de publicidade feitos pelo designer Tom Miller. Os banners entre um capítulo e outro conseguem passar ao leitor a sensação de estar lendo não só uma HQ, mas uma revista especializada naquele esporte.

Com produtos absurdos e slogans pra lá de criativos, como o Invisible Pets, que não traz necessidades de comida, sujeira e deixam mais tempo para o amor incondicional, ou as câmaras Cryodreams “porque talvez seja essa época que não seja boa para você”, as propagandas bombardeadas no meio da história trazem a sensação de estarmos vendo um esporte pelo pay-per-view, como o UFC.

E assim, colocando o leitor ora contra e ora a favor de Satta Flynn, a obra consegue ser uma crítica contundente não só à nossa necessidade de estar em conflito e acumular patrimônio alheio, mas principalmente à mídia paga e a facilidade com a qual ela transforma um derramamento de sangue brutal em uma oportunidade para vender mais um produto que ninguém precisa e faturar com isso.

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