Tintim e a Lua: quadrinho com clima de nostalgia

Carlos Bazela
Tintim e a Lua: quadrinho com clima de nostalgia

No início de 1994, a animação canadense As Aventuras de Tintim estreava na TV Cultura e marcaria gerações com as adaptações das histórias do cartunista belga Georges Remi, o Hergé. Com o desenho animado fora dos catálogos de streamings, as HQs da Companhia das Letras são a melhor pedida para matar a saudade do jornalista de Bruxelas e de seu cachorro, Milu.

Traduções das obras originais, os álbuns em formato grande (22,6 x 31 cm) e capa dura têm apresentação e interior caprichados. E a editora enviou para o BN justamente o arco mais ousado de Tintim em um encadernado especial, recém-lançado, chamado Tintim e a Lua – que reúne num mesmo volume os livros Rumo à Lua e Explorando a Lua, que já haviam saído separados.

Na história, Tintim, Milu e o Capitão Haddock são convidados por outro amigo, o professor Trifólio Girassol, a encontrá-lo na fictícia Sildávia. Duvidando de quais as condições nas quais o cientista estaria no país, Haddock e o repórter encaram a aventura como uma missão de resgate. Principalmente pelo forte esquema de segurança que os aguarda na chegada.

Entretanto, eles logo descobrem que Girassol está trabalhando no programa espacial do país e acaba de inventar um combustível atômico com o qual levará a si mesmo, seu assistente, Frank Wolf, o Capitão e Tintim para a Lua. Porém, outros estão de olho nesse avanço científico e espiões podem estar à espreita por toda parte para dificultar a vida dos heróis.

Vale lembrar que quando saíram originalmente, em 1953 e 1954, as HQs traziam uma riqueza de detalhes impressionante sobre uma viagem espacial. Ainda que o ser humano fosse pisar na Lua pela primeira vez somente 15 anos depois.

Muito texto e traço simples

Tintim e a Lua é o tipo de gibi diferente de tudo o que se faz hoje, no qual o traço simples de Hergé encontra diálogos bem longos. É uma HQ feita, acima de tudo, de conversas, como se assistíssemos a um filme europeu no qual conhecemos os personagens e suas ideias por sua forma de se expressar.

Por falar em expressão, as palavras escolhidas – e até inventadas – pelo mal-humorado Capitão Haddock são alguns dos melhores momentos da obra. É fácil interromper a leitura para voltar mais de uma vez no mesmo quadro e curtir o marujo xingar basicamente tudo em volta: do batente da porta até uma cadeira e, principalmente, Girassol.

Comédia, ação e suspense na medida

Como na animação, Rumo à Lua e Explorando a Lua trazem ação comédia e suspense na medida para agradar públicos diferentes. Quem lembra do desenho, vê que os diálogos estão transcritos quase literalmente no papel, mas há algumas diferenças importantes. No quadrinho, conhecemos até os pensamentos do Milu, sempre ácidos e sarcásticos, pois Hergé sempre fez do Terrier branco um personagem ainda mais importante das histórias.

A carga de humor fica completa quando os detetives gêmeos – e terrivelmente atrapalhados Dupond e Dupont – são enviados pela Interpol para proteger o programa espacial sildavo.

Assim, Tintim e a Lua é o tipo de HQ para se ler por dias, acompanhando a aventura do repórter e seus amigos com a inocência sem ser infantil que o personagem sempre conseguiu trazer. Um gibi para ler e aproveitar devagar, como um bom clássico merece.

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