Como comentamos nas primeiras impressões, Halo, série baseada na franquia de games de mesmo nome, chegou com exclusividade ao catálogo do Paramount+, decidida a contar uma história diferente dos jogos e isso ficou claro já nos minutos finais do primeiro episódio – quando Master Chief remove seu capacete (algo nunca feito nos games), revelando o rosto de Pablo Schreiber (Orange is the New Black).
Mas, o seriado, felizmente, também segue rumos diferentes do que deixa entender no final do capítulo piloto, no qual o protagonista foge com a jovem Kwan Ha (Yerin Ha, de Reef Break) para entender melhor os pensamentos despertados pelo artefato do planeta Madrigal.
Intercalando entre um épico sobre liberdade, no núcleo de Ha e seu planeta, dominado pelo tirano Vinsher Grath (Burn Gorman, de Círculo de Fogo) e drama militar de conspiração, focando na odisseia do principal soldado Spartan e como as descobertas sobre seu passado podem mudar os rumos da guerra no presente.
Shooter sem tiroteio
Halo é uma franquia de jogos de tiro. Porém, na série, os combates contra o Covenant, a raça alienígena que ameaça a humanidade, ficam em segundo plano, reservados a poucos episódios, o que tem criado antipatia entre os fãs dos games – que já expressaram seu descontentamento desde que viram Master Chief tirar o capacete.
Contudo, por mais contraditória que a ideia de um programa de TV baseado em um shooter ter poucos combates possa parecer, esse direcionamento impede o show de se transformar em um tiroteio desenfreado logo de cara e permite mergulhar em uma trama mais densa, extraindo mais das atuações do elenco. Para o público, fica como ponto alto as interações do Master Chief com a inteligência artificial Cortana – cuja voz é de Jen Taylor, a mesma dos games.
Ambientação acertada
Halo capricha não só nos cenários, como a opulência do planeta Reach, contraponto com a colônia de asteroides comandada pelo pirata espacial Soren (Bokeen Woodbine, da série Fargo) e Madrigal, ambos com seu estilo pós-apocalíptico improvisado.
A série vai bem ao contextualizar um pelotão de Spartans veteranos, que parecem beirar os 30 anos de idade. Assim, as descobertas de Chief, ou John 117 e Kai 125 (Kate Kennedy, de A Midsummer Night’s Dream), os dois soldados que acabam de recobrar emoções, antes suprimidas eletronicamente se tornam mais impactantes. Mostrar a guerra como se não fosse o começo permite revelar como os humanos têm conhecido seu inimigo, procurando aprender um pouco do seu idioma e cultura.
Mulher da ciência
Como drama militar de ficção científica, Halo poderia facilmente cair em armadilhas, como combatentes sem carisma. Mas, além do Master Chief e Kai, Natasha Culzac (Cursed – A Lenda do Lago) e Bentley Kalu (Morbius), não deixam isso acontecer ao entregarem ótimas atuações como Riz 028 e Vannak 134. Já Catherine Halsey (Natascha McElhone, de Californication) se destaca como vilã, ao fugir do estereótipo do “cientista maluco”, que tem uma motivação megalomaníaca, como dominação global e etc..
Ela, como mulher da ciência, é movida pela curiosidade. Halsey deseja ver o final do filme sobre os limites finais da humanidade e qual a sua ligação com o misterioso Halo, ao qual os artefatos achados se conectam e está disposta a manipular quem for preciso e colocar mais de uma espécie em risco para saciar seu desejo.
O que vem por aí
Com um final empolgante em seu 9º episódio, a 1ª temporada de Halo estabeleceu os parâmetros para se transformar em uma ótima saga de ficção científica também na TV, mostrando potencial para repetir o sucesso dos games.
Ainda que, talvez, não para o mesmo público.