The Batman (leia a crítica) chegou à HBO Max nesta semana, dando aos fãs a oportunidade de ver e rever a nova aventura do herói do conforto do sofá. E, para conhecer melhor a abordagem do Cruzado de Gotham concebida pelo diretor Matt Reeves, a dica é uma das HQs que serviram de base para o longa: Batman: Terra Um, que traz roteiro escrito por Geoff Johns e se destaca justamente pela perspectiva mais realista do personagem. Atualmente em seu terceiro volume, a série é publicada aqui pela Panini.
As diferenças de Terra Um começam pelo visual, criado pela equipe artística que reúne Garry Frank, Jonathan Sibal e Brad Anderson. O uniforme do Batman da Terra Um quebra uma das maiores tradições dos gibis ao mostrar os olhos de Bruce Wayne por baixo do capuz e, em suas primeiras versões, revela todo o aspecto de fantasia com proteções improvisadas e gadgets experimentais e, nem sempre funcionais, como o lançador de arpéu com corda.
Nova dinâmica para Bruce e Alfred
Na HQ, Afred Pennyworth e Thomas Wayne são conhecidos dos tempos de Guerra do Golfo e o ex-soldado inglês carrega no corpo as cicatrizes desse tempo, bem como uma prótese no lugar da perna direita. Quando é convidado a Gotham para cuidar da segurança do amigo rico, candidato a prefeito, Alfred tem contato com o pequeno Bruce, um garoto mimado e imperativo.
Tudo muda para os dois, porém, quando ele descobre que havia sido nomeado tutor dele após o assassinato misterioso de Martha e Thomas. Com Bruce crescendo no mesmo tanto que sua sede por desvendar a morte dos pais, resta a Alfred ensinar ao garoto como se defender. Mas, logo no começo, fica claro que Batman precisa de muito mais treino para encarar a pior face de Gotham.
O Bruce de Terra Um é outro acerto. Se, por anos, vimos o bilionário representar a persona do playboy mimado, aqui essa faceta faz parte de sua personalidade. Assim, o Batman criado por ele é nada menos que um homem de fantasia caricata que tem os recursos e a coragem para não aceitar o fato da morte dos pais não ter sido solucionada. Longe de ser um idealista cuja cruzada pessoal se torna proteger os inocentes na pior cidade da Terra. Pelo menos, de início.
Vilões do mundo real
Outro acerto da obra é ter a polícia corrupta como conivente com o crime – mesmo com os contrariados James Gordon e Harvey Bullock integrando a Força – e dois vilões facilmente adaptáveis para a realidade: o Pinguim, aqui como o prefeito de Gotham, e o misterioso Charada. Não por acaso, dois dos escolhidos por Reeves como antagonistas do novo Cavaleiro das Trevas.
Amarrada por esse compromisso com a realidade, o quadrinho da DC não tem medo de ousar. Por mais que a história de origem do Homem-Morcego já tenha sido contada diversas vezes nas mais variadas mídias, a equipe criativa sabe disso e tem o objetivo de garantir que, em Batman: Terra Um, você não esteja esperando pelo que vai acontecer. Missão cumprida com sucesso.
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