Um caçador de recompensas cruza o universo em busca de malfeitores enquanto precisa levar uma criança verde para seus parentes. Se o plot de Sharkey, O Caçador de Recompensas te lembrou The Mandalorian, é porque a premissa não é algo assim tão inédito. Entretanto, a atmosfera de comédia recheada de absurdos do roteiro de Mark Millar é o que faz essa HQ uma leitura que vale a pena.
Na trama, o ex-soldado da Tropa Solar ganha a vida indo de um pardieiro espacial a outro em sua nave-caminhão de sorvete para caçar os piores tipos da galáxia e tentar pagar algumas de suas inúmeras dívidas de jogo. Mas, ao eliminar um criminoso capaz de se multiplicar em pequenas cópias de si mesmo, Sharkey acaba tendo que cuidar do sobrinho do bandido, Extra-Billy, a quem promete levar para seus parentes do outro lado do universo.
Algo que fica para depois, uma vez que é anunciada uma recompensa de 1 bilhão de kodonas por Edra Deering, uma terrorista procurada que vai mobilizar uma corrida entre os caçadores de recompensa, incluindo o insuportável Big H e Juda, ex-esposa de Sharkey.
Previsível, só que não
A história do encadernado publicado aqui em capa dura pela Panini tem boas reviravoltas. Principalmente no que diz respeito a Extra-Billy, pois o garoto vez ou outra faz o papel do leitor dizendo como a trama deveria terminar, seguindo a linha mais clichê possível, só para ser desmentido pelo protagonista.
Outro acerto fica por conta da arte de Simone Bianchi, Mateo Vattani e Simone Peruzzi, que mostra um universo com muitos botecos espaciais ao estilo The Mandalorian, mas em uma atmosfera mais adulta, deixando tudo parecido com uma passagem da trilogia de jogos Mass Effect. Incluindo um cowboy de bigode no lugar de um soldado de armadura como astro principal.
Como não poderia deixar de ser, os absurdos de Mark Millar estão salpicados em todo o gibi, como Kristine, a garota que Sharkey conhece logo no começo da HQ e sonha em se tornar um veículo de quatro rodas, e Quoth, o asteroide senciente ameaçado de extinção, a procura de uma parceira sexual ou resgate quase perfeito de Extra-Billy no QG da Patrulha Estelar.
Diversão sem pretensão
Recheado de humor ácido e ação na mesma medida, Sharkey é, portanto, um quadrinho divertido e despretensioso. Está longe de ser algo totalmente inovador, mas rende boas horas de uma leitura divertida, perfeita para uma escapada rápida da realidade.
E ainda vem com o selo da Netflix, que é dona de todas as criações de Millar e teve participação na concepção visual da HQ. Vale lembrar que o título será adaptado pelo streaming.