Filmes de romance sempre ocuparam um espaço curioso no nosso imaginário: por um lado, são criticados por seus clichês; por outro, é isso que os tornam tão queridos pelo público. Há algo de reconfortante em acompanhar histórias sobre o amor – suas descobertas, desencontros e recomeços – mesmo quando já sabemos para onde vão. Se Não Fosse Você, estrelado por Mckenna Grace, Mason Thames, Allison Williams e Dave Franco, entende muito bem esse equilíbrio.
A nova adaptação dos livros de Colleen Hoover é aquele tipo de romance que, à primeira vista, parece mais um “água com açúcar” qualquer. E, de fato, Se Não Fosse Você é quase isso, mesmo. Mas seu diferencial é que sabe abraçar sua despretensão com naturalidade, sem tentar ser mais profundo do que realmente é. O grande trunfo da história é justamente não se limitar ao amor romântico. Aqui, o sentimento é tratado em suas múltiplas formas: além do primeiro amor, temos o amor paternal, o amor fraterno, o amor que nasce e o que se perde.
Se Não Fosse Você
Na trama, a jovem Clara Grant vive em harmonia com sua família, enquanto vive dramas amorosos com um garoto comprometido. A calmaria muda quando seu pai e tia morrem em um acidente de carro. Enquanto a família vivencia o luto, o questionamento pesa em suas cabeças: por que o pai e a tia estavam juntos em um carro, no meio da tarde?
Mckenna Grace e Allison Williams entregam atuações marcantes, equilibrando delicadeza e intensidade em uma relação mãe e filha repleta de desencontros e reconciliações. A filha, buscando a própria independência, abraça o arquétipo de rebelde. E a mãe, com seu mundo desmoronado, busca protegê-la dos segredos do pai, enquanto tenta se reencontrar.
Já Mason Thames e Dave Franco cumprem bem seus papéis de apoio. Eles contribuem para o pano de fundo de amadurecimento e autodescoberta que move toda a trama. Juntos com seus pares românticos, entregam um show de carisma e romance, que nos fazem torcer pelos personagens.
Os altos e baixos do amor
A profundidade do filme é exatamente o que surpreende e fascina. O filme se arrisca em um terreno emocionalmente complexo ao explorar o luto por alguém que traiu quem ficou. Como chorar por quem nos feriu? É possível conciliar a dor da perda com a raiva e a decepção? Como seguir em frente? Essas perguntas guiam os personagens e dão ao filme uma camada extra de maturidade. Mostra que o amor — mesmo em sua forma mais dolorosa — ainda pode ser o elo que resiste quando tudo desmorona.
Outro mérito do filme é não idealizar o amor. Se Não Fosse Você fala também sobre o luto, a perda e as cicatrizes que vêm quando somos feridos por quem menos esperamos. Há traição, mágoa e silêncio — mas tudo tratado com sutileza, sem cair no melodrama. O resultado é um retrato doce e agridoce da vida, que emociona sem forçar lágrimas.
No fim, Se Não Fosse Você é um romance simples, mas honesto. Um filme que entende que o amor, em todas as suas formas, é tão bonito quanto doloroso. E é justamente essa mistura que o torna tão sensível e humano.

