A primeira adaptação dos excelentes e aclamados livros de Colleen Hoover finalmente chegou, nesta quinta-feira (8), aos cinemas brasileiros. Distribuído pela Sony Pictures, É Assim Que Acaba é baseado no best-seller homônimo e um verdadeiro presente para os fãs da autora norte-americana.
Fiel ao livro
O filme se propõe a respeitar os desejos de todos os leitores: mostrar nas telas o que eles leram no livro. É Assim Que Acaba começa exatamente como a obra, ou seja, com a morte do pai da protagonista Lily Bloom (Blake Lively). Na cerimônia de velório, é possível notar a dificuldade que a personagem sente em se relacionar afetivamente com ele. Em Boston, onde decide se estabelecer na vida adulta, ela conhece o neurocirurgião Ryle (Justin Baldoni), com quem inicia um relacionamento, aparentemente, dos sonhos.
Enquanto a vida perfeita ao lado do amado é apresentada, Lily não consegue se desvincular do antigo romance com Atlas (Brandon Sklenar), um garoto em situação de rua que vivia ao lado de sua casa. Ao longo da produção, o passado e o presente da protagonista vão se entrelaçando perfeitamente, exibindo, inclusive, a conexão entre ela e Atlas.
Violência doméstica
Juntos, os dois viviam situações semelhantes. Ele? Expulso da casa da mãe por conta do namorado violenta dela. Ela? Fruto de pais em que a esposa apanha do marido. O divisor de águas acontece quando Lily se dá conta de que vive uma situação parecida com Ryle, a quem fez juras de amor, mas que recebe em troca um companheiro bastante abusivo.
As agressões e os abusos são abordados com mais cautela no recém-lançado longa. A profundidade de todos os momentos dolorosos vividos por Lily no livro não é muito bem retratada nas telas. Cenas rasas e sem maiores explicações sobre o que, de fato, acontece naquele instante – até mesmo para quem não leu o livro – acabam desfocando o maior propósito: a violência doméstica.
O elenco certo?
Embora tenham muita química em cena, Blake (Gossip Girl) e Baldoni (Jane the Virgin) não foram as melhores escolhas, segundo os leitores. Muitos, aliás, criticaram o elenco na época do anúncio, principalmente pelos personagens serem mais novos na obra. Nem o intérprete de Atlas conseguiu agradar muito os fãs de Hoover.
O incômodo fica ainda maior quando o filme comprova que o figurino de Lily também não foi a melhor opção, mesmo tendo sido defendido, com unhas e dentes, pela autora. Se é fan service que você quer, não será fan service que você verá. O que não podemos criticar é a atuação certeira de Jenny Slate, que dá vida à irmã de Ryle, Allysa, e a escolha minuciosamente perfeita de Isabela Ferrer, que interpreta a jovem Bloom.
Carta ao passado
Muito além dos abusos silenciados e das agressões deploráveis, É Assim Que Acaba é uma verdadeira carta aberta às antigas gerações, às avós que permaneceram em casamentos abomináveis pelos filhos, às mães que seguiram – ou ainda seguem – em relacionamentos infelizes, por medo de uma vida sem rumo.
É um verdadeiro relato sobre como a infância e a família podem resultar em traumas mal resolvidos e influenciar toda uma jornada, especialmente nos relacionamentos amorosos. Dica: levem os lencinhos, pois cada diálogo te fará refletir e, quem sabe, cair uma lágrima dos olhos. Um filme verdadeiramente necessário e para todas as gerações.