Resident Evil: A Série mostra terror e poucas referências

Carlos Bazela
Resident Evil: A Série se resume a terror e poucas referências

Resident Evil está completando 20 anos de adaptações. Em duas décadas, foram feitos uma saga de filmes para os cinemas, animes e uma série em computação gráfica. Agora, finalmente o que faltava: uma série em live-action, que chega à Netflix, com o apropriado – e, talvez, até ousado – nome de Resident Evil: A Série.

Na história, acompanhamos Jade Wesker em dois momentos: na adolescência (Tamara Smart, de Artemis Fowl: O Mundo Secreto), tentando se acostumar à vida em New Raccoon City, cidade fechada para funcionários da Umbrella Corporation, onde passa a morar junto com o pai, Albert Wesker (Lance Reddick, de “John Wick“) e sua irmã gêmea, Billie (Siena Agudong, de Velozes & Furiosos 9); e na vida adulta (Ella Balinska, de As Panteras), na qual estuda os zumbis (ou Zeros), criados pelo surto do T-Vírus.

A versão crescida de Jade precisa conduzir sua pesquisa em segredo, pois Evelyn Marcus (Paola Nuñez, de Rainha do Sul), a chefona da Umbrella, está em seu encalço e, se tem algo que não falta à empresa farmacêutica, são recursos e poder – já que passa a fazer o papel de “polícia do mundo” com a pandemia fora de controle.

Terror gráfico

Um dos acertos de Resident Evil: A Série está no terror gráfico. Sem medo de assustar, os oito episódios trazem bastante do gore que a franquia exibe nos games. Isso inclui a grotesca caracterização dos zumbis e de outras criaturas afetadas pelo T-Vírus, como os tradicionais cachorros e até a Grave Digger, a minhoca gigante do jogo Resident Evil 3 original.

O Homem da Motosserra, em referência aos games mais atuais (como Resident Evil 4 e 5) também está aqui, assim como os Lickers, que aterrorizam um dos primeiros capítulos da série, mantendo o suspense e entregando boa dose de sangue, enquanto atacam o grupo no qual está Jade.

A maquiagem, a iluminação e os cortes caprichados das cenas com os zumbis até fazem com que a série pareça injustiçada. Afinal, com anos de sucesso de The Walking Dead, fica difícil que uma produção do gênero cause o impacto do ineditismo em quem está assistindo.

Potencial desperdiçado

Contudo, mesmo com efeitos bem-colocados para algumas criaturas, o clima interessante de suspense se dissipa pelas duas linhas temporais que aprofundam a relação das irmãs Wesker e seu pai com a Umbrella. Quando o episódio começa a ficar bom, a trama avança ou retrocede no tempo, deixando a experiência cansativa, o que faz pensar se não seria mais interessante que a temporada tivesse escolhido somente uma para seguir e deixasse a outra para o ano seguinte.

O plot inicial sobre o Joy, produto da Umbrella que possivelmente causa o surto viral, cativa e merecia ser mais bem explorado nesta temporada, mas a quantidade de elementos que os criadores tentaram inserir no intuito de mostrar que há bem mais do que parece acabam sobrecarregando a trama, como mostra a passagem do crocodilo gigante.

Mas, são algumas decisões de Jade, principalmente na parte que se desenvolve no navio, que realmente comprometem a qualidade do roteiro, deixando tudo ainda mais apressado.

2ª temporada?

Resident Evil: A Série merece pontos por não ter medo de ousar e explorar outros por ângulos a figura de Wesker. Além de trazer dinâmica diferente dos filmes e até dos games, indo por outro caminho de No Escuro Absoluto. Mas, para realmente valer o peso do título que carrega, precisa escolher com sabedoria quais das pontas soltas do primeiro ano vai amarrar e quais vai desenvolver em uma segunda temporada – ainda não confirmada.

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