Projeto com financiamento coletivo concluído no Catarse, o Reden promete ser o primeiro agregador de livros-jogos do mundo. Brasileira, a iniciativa é desenvolvida pelos sócios Lucas de Lucca, o Diretor de Histórias, e Victor Ochoa, Diretor de Desenvolvimento, que planejam aproximar o mercado literário e de games, unindo livros a uma experiência parecida com a de um RPG em um app com histórias que variam entre os gêneros de romances LGBT e chic-lit até narrativas de fantasia épica.
Chegando ao mercado neste mês, o Reden irá estrear com pelo menos 5 livros-jogos, que trarão narrativas gamificadas, com ilustração, trilha sonora, efeitos, itens desbloqueáveis e conquistas para incentivar o consumo. Para saber mais sobre essa experiência inovadora, conversamos com Marina Pagot, escritora e autora da ficção mítica Nero e Agripina: Cor Ingratus, que será lançada no Reden. O conto é baseado na obra intitulada “Annales”, do escritor romano Tácito.
Abaixo, você confere a entrevista completa:
BN – O Reden chega para oferecer livros-jogos ao público. Como escritora com livros de literatura publicados, o que muda para você na construção de uma história com essa proposta interativa?
MP – Não arrisco dizer que o raciocínio usado para escrever um livro e aquele para um livro-jogo são totalmente diferentes, mas confesso que escrever uma história interativa exige uma explosão muito maior de criatividade. Como escritora, eu tenho que pensar em uma trama que me dê opções e que estas levem a caminhos diversos. Acredito que, ao escrever uma história interativa, o que é necessário é uma ampliação da visão de como vemos o universo com o qual estamos trabalhando e os personagens e enredos que criamos. Isso também é o que eu gostei bastante em escrever esse tipo de gênero: é preciso pensar cautelosamente as escolhas que vamos apresentar, quase como se montássemos uma estratégia, para que o público fique com vontade de explorar ambos os trajetos.
BN – Quem são os protagonistas de sua obra no Reden, Nero e Agripina: Cor Ingratus? O que pode nos contar?
Os protagonistas são o Imperador Nero, da Antiga Roma, e a sua mãe, Júlia Agripina. O conto se baseia na obra intitulada “Annales” do escritor romano Tácito, a qual descreve o matricídio cometido pelo imperador Nero. Logo no início, o leitor tem que decidir entre três tramas que levam a lugares e ações completamente diferentes dos personagens. Entretanto, toda a história segue o fio do paradoxo de amor e ódio entre mãe e filho. Quis trabalhar bastante essas ideias antagonistas para explorar o psicológico e a complexidade dos personagens, os quais são governados, principalmente, pelos seus sentimentos.
BN – Para o público que irá encontrar Nero e Agripina: Cor Ingratus no catálogo do Reden, qual a dinâmica que o título irá oferecer? Na prática, quais os objetivos da obra como um livro-jogo?
MP – O leitor vai poder explorar as diversas faces dos dois personagens, ambos completamente opostos e, ao mesmo tempo, tão semelhantes. Eles são movidos pela ambição e ganância, enquanto têm esse sentimento intrínseco de amor, um elo que vem do nascimento. O grande objetivo do leitor durante o conto é tentar encontrar o suposto verdadeiro final do drama entre Nero e Agripina. Apenas um dos finais é aquele completamente fiel ao que a história nos conta, então o leitor deve pensar como Nero e Agripina para encontrar esse final.
BN – Observando como escritora, quais os benefícios e atrativos que um livro-jogo oferece ao leitor?
MP – Todo amante de história já quis se colocar no lugar dos seus personagens preferidos. Todo leitor já quis experienciar as sensações e já quis tomar decisões contrárias àquelas do livro. O livro-jogo dá aos seus leitores a oportunidade de sentir e conhecer as histórias de forma mais intensa e íntima. É ele quem guia a narrativa e quem deve arcar com as consequências. O Reden proporciona essa interação, além de dar ao leitor uma sensação de independência e extrema importância, como se ele fosse o próprio personagem principal.