Muito se fala sobre protagonismo, mas o que estamos fazendo a respeito? Fora dos holofotes de grandes lançamentos, Rainhas do Crime (The Kitchen, EUA, 2019) estreia nesta quinta-feira (08/08) nos cinemas, apresentando três mulheres que, em 1978, decidem dar as cartas de seu destino dominando o submundo do crime no bairro nova-iorquino de Hell’s Kitchen. Inspirado no quadrinho “The Kitchen” de 2015 – do selo Vertigo, da DC Comics –, o filme é dirigido e roteirizado pela indicada ao Oscar Andrea Berloff (Straight Outta Compton: A História do N.W.A.).
Depois da prisão de seus maridos – os líderes da máfia irlandesa na “Cozinha do Inferno” –, Kathy (Melissa McCarthy, de As Bem-Armadas), Ruby (Tiffany Haddish, de Viagem das Garotas) e Claire (Elisabeth Moss, de The Handmaid’s Tale) se unem para buscar a libertação dos dias em que foram vítimas de violência doméstica, machismo e discriminação racial. Para isso, o trio se une para elaborar um esquema para oferecer proteção aos pequenos comerciantes locais, coletando assim os lucros para tornarem-se autossuficientes no aspecto financeiro.
No entanto, o sucesso feito por Kathy, Ruby e Claire lhes transforma em alvo da inveja de bandidos com orgulho ferido, assim como as faz lidar com a revolta de seus antigos companheiros, Jimmy (Brian d’Arcy James, de Spotlight: Segredos Revelados), Kevin (James Badge Dale, de Homem de Ferro 3) e Rob (Jeremy Bobb, de Jessica Jones). Com isso, a trama adaptada da HQ escrita por Ollie Masters e ilustrada por Ming Doyle se desenvolve de maneira inteligente e elegante, abordando os dramas, conquistas e as mudanças pelas quais passam as garotas.
Situado nos anos 70, o filme apresenta boa ambientação e trilha sonora composta por clássicos do The Rolling Stones e Fleetwood Mac, mas, além disso, aproveita para expor preconceitos cultivados sobre o papel da mulher na sociedade. Deste modo, embora a narrativa explore personagens com um código de conduta um tanto distorcido, o que se vê em Rainhas do Crime é a ascensão de protagonistas extremamente fortes e inconformadas, exaltadas pelas boas atuações de Melissa McCarthy, Tiffany Haddish e Elisabeth Moss e enredo consistente.