Oppenheimer: um espetáculo épico e denso de Nolan

Oppenheimer: Um espetáculo épico e denso de Nolan

Quando falamos de Christopher Nolan, logo vem à mente a complexidade na trama de seus filmes. O cineasta gosta de se desafiar trabalhando em ideias que, por mais complicadas que pareçam (vide o roteiro de “A Origem”), acabam entretendo o público. Já Oppenheimer é o oposto, baseando-se em uma simplicidade incomum para seus padrões. Escrito e dirigido por Nolan, o thriller nos leva ao paradoxo vivido pelo enigmático homem que deve arriscar destruir o mundo para tentar salvá-lo.

O filme da Universal Pictures (o primeiro do diretor fora da Warner Bros.) é baseado no livro vencedor do Prêmio Pulitzer, “American Prometheus: The Triumph and Tragedy of J. Robert Oppenheimer”, de Kai Bird e Martin J. Sherwin (1927-2021). Estrelado por Cillian Murphy como J. Robert Oppenheimer e Emily Blunt como sua esposa, a bióloga e botânica Katherine “Kitty” Oppenheimer. O elenco traz ainda o ator vencedor do Oscar, Matt Damon, retratando o General Leslie Groves Jr., diretor do Projeto Manhattan, e Robert Downey Jr. interpreta Lewis Strauss, um dos comissários fundadores da Comissão de Energia Atômica dos Estados Unidos. Florence Pugh, no papel da psiquiatra Jean Tatlock e o escritor e cineasta oito vezes indicado ao Oscar, Kenneth Branagh.

Estudo de personagem de Oppenheimer

Nolan cria uma estrutura que distancia Oppenheimer das cinebiografias tradicionais, apresentando a narrativa de forma não-linear para desenvolver vários elementos ao mesmo tempo, estrutura semelhante feita em Dunkirk (2017). A produção investe em um estudo detalhado dos personagens, criando uma relação de causa e consequência que esclarece os caminhos percorridos por uma das grandes personalidades do século XX. O físico em questão é uma figura contraditória, que passou de um jovem com uma carreira promissora no campo da física quântica a ser conhecido como o ‘pai da bomba atômica’. Movido por uma mistura de vaidade e medo de ver seu campo de estudos sendo usado como arma pelos nazistas, ele assume a posição de diretor do programa norte-americano de desenvolvimento de armas nucleares.

Dessa vez, Nolan abre mão das sequências de ação em favor de extensas cenas de diálogos, que exploram desde a moralidade questionável de Oppenheimer em sua vida pessoal até as implicações políticas do desenvolvimento das bombas. Sendo assim, a obra toda é como um experimento do diretor, uma tentativa de fazer algo totalmente fora de seu habitual. A grandiosidade das cenas, no entanto, pode contrastar com as sequências de julgamento e sabatina no âmbito do governo. É nessas ocasiões que Oppenheimer assume características de um thriller político, chegando até mesmo a se assemelhar a um drama de tribunal, mesmo que o texto possa parecer arrastado.

Filme evento

Filmado em IMAX 65mm e 65mm em grande formato combinados, o longa inclui, pela primeira vez, seções de cinematografia analógica em preto e branco em IMAX, proporcionando uma maior imersão cinematográfica ao público. Além disso, sua riqueza de detalhes técnicos promete agradar aos espectadores. Apesar de abdicar da ação, o título impressiona também pela técnica, sobretudo no que se refere à edição e som. Do teste do Projeto Trinity às visões do protagonista sobre seus atos, Nolan utiliza o som para criar uma sensação de total imersão ao abordar a própria bomba. Assim, é graças ao som que temos a certeza de estar lidando com forças muito mais poderosas do que qualquer ser humano deveria ser capaz de controlar.

Claramente, Oppenheimer não foi feito com a intenção em julgar se seu protagonista é herói ou vilão. Com suas três horas de duração, o filme usa eventos históricos para mexer com o público, e o faz graças a um trabalho de alto nível de todos os envolvidos. Pelo contrário, é um tipo de longa denso e desafiador, sem a menor preocupação em ser apenas um entretenimento, mas que aborda questões sérias de forma madura e objetiva.

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