O Círculo de Júpiter: boas histórias que não veremos na Netflix

Carlos Bazela
O Círculo de Júpiter: boas histórias que não veremos na Netflix

Ao ler O Destino de Júpiter (leia nossa crítica), a sensação é de que história é tão bem amarrada que não havia mais nada a ser contado sobre aquele universo realista de super-heróis. Mas, Mark Millar ainda tinha material guardado sobre os tempos pregressos daqueles que já foram conhecidos como A União e contou com a arte de Chris Sprouse, Wilfredo Torres e Davide Giafelice para levar essas ideias ao papel. As histórias estão reunidas em O Círculo de Júpiter, minissérie em 2 volumes publicada pela Panini.

Com foco os primeiros anos de atividade de Utópico, Lady Liberdade, Faísca Trovão Azul, Onda Mental e Skyfox, a HQ se aprofunda nos relacionamentos dos personagens entre si e com quem os cercam. A minissérie também dá detalhes de pontos importantes do cânone, como os motivos que levaram à revolta de Skyfox e os primeiros sinais de que Walter Sampson, o Onda Mental, já tinha seus próprios planos sobre a participação de super-heróis na política.

Além disso, os volumes acertam mesmo é no tom intimista. Enquanto outros títulos dariam ênfase para os feitos fantásticos, como enfrentar alienígenas, seres de outra dimensão e homenagens à Era de Prata, na trama de Millar, eles estão lá como pano de fundo. Afinal, o interesse aqui é mostrar aspectos mais particulares, como, por exemplo, de que forma o excesso de perfeição de Sheldon Sampson, o Utópico, destruiu seu casamento com Jane, a garota que era sua noiva antes dele ganhar os poderes.

E a solidão de Grace Kennedy, a Lady Liberdade, antes dela e Utópico se casarem. Afinal, se antes ela já se mostrava independente e dona de si, depois de ganhar seus poderes ela ficou “empoderada demais” para despertar o interesse dos homens dos anos 1960 (e, segundo muitas mulheres, os de 2021 também). Ou, ainda, o olhar retrógrado da época para a diversidade, mostrando que encontros de homossexuais eram tratados como atos de transgressão da lei e de que maneira isso, se viesse a público, poderia colocar um fim não só nos dias de Richard Conrad como Trovão Azul, como destruir sua carreira de médico.

Heróis imperfeitos

Os dilemas morais e o lado falho dos seres poderosos exibidos em O Círculo de Júpiter são outra prova de como a série da Netflix foi cancelada precocemente depois de uma única temporada (leia nosso review). E, embora bastante material deste prelúdio tenha sido adaptado para as telas em flashbacks, muitos insights interessantes não terão a chance de ser explorados em tela.

E as sementes para alguns deles, inclusive, já tinham sido plantadas, como a relação de paciente e terapeuta criada entre Utópico e o Doutor Hobbs, até então seu arqui-inimigo, mostrada brevemente na série e explicada na HQ.

Esse mergulho mais íntimo nos heróis da União fazem de O Círculo de Júpiter um gibi obrigatório para quem gostou do arco original e do seriado. Ainda que curtos, os 2 volumes são intensos nos conflitos que abordam e são um exercício interessante para conferir ainda mais camadas para personagens complexos, que mereciam mais espaço. Não só nos quadrinhos, como no streaming, na qual poderiam, ainda, trazer alguns bons assuntos para a discussão.

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