Uma das estreias mais aguardadas deste ano, o live-action Mulan teve seu lançamento adiado nos cinemas por conta da pandemia do novo coronavírus, e acabou saindo diretamente no streaming Disney+ no dia 4 de setembro. Entre o hype e o hate, o longa lida com o peso de adaptar uma das animações mais queridas do público desde os anos 1990, além dos desafios para chegar ao público, uma vez que o serviço Disney só chega ao Brasil em 17 de novembro.
Na direção de Niki Caro (Encantadora de Baleias), a obra logo deixa claro que sua intenção é se aproximar de uma lenda chinesa que permeia o imaginário popular ao longo de séculos, fugindo de comparações ao filme animado de 1998. Mesmo assim, apesar da nova roupagem, o público vê Mulan (Yifei Liu, de O Reino Proibido) em sua origem clássica, como filha do veterano exército Zhou (Tzi Ma, de A Chegada), que vai à guerra para poupar seu pai.
Aqui, porém, a jovem desde cedo manifesta domínio sobre o chi, energia misteriosa bem parecida com a Força em Star Wars, o que lhe permite a execução de acrobacias e até a capacidade de mover coisas apenas com o pensamento. Com essa expressiva vantagem, a moça decide se apresentar às tropas da China, que nesta versão enfrenta as ameaças dos Rourans, uma confederação tribal da Mongólia. Os Hunos eram o inimigo no desenho original.
Com exceção de “Loyal Brave True” de Christina Aguilera – tocada durante os créditos finais –, a jornada de Mulan entre os soldados não é embalada por canções originais. Na tentativa de trazer mais realismo, a diretora remove o foco da trilha sonora para detalhar os perrengues de Mulan em seu dia a dia no acampamento, uma vez que é preciso se afastar de todos para manter sua identidade segura. Além disso, se vê a evolução da moça nos treinamentos.
Sem Mushu, mas com uma fênix apadrinhando a heroína, o título traz mudanças significativas em relação a animação. O Capitão Li Shang se faz ausente, contudo, Honghui (Yoson An, de The Luminaries) preenche a função de se aproximar de Mulan. Entre as linhas adversárias, os destaques são Böri Khan (Jason Scott Lee, de Dragão: A História de Bruce Lee) e a bruxa Xianniang (Li Gong, de Memórias de uma Gueixa) – que faz paralelo com Mulan.
Com uma discussão não tão aprofundada sobre o lugar da mulher, o filme reconstrói a protagonista como uma heroína superpoderosa que tem como principais valores lealdade, coragem e verdade. É uma experiência visualmente muito bonita e bem produzida nas cenas de ação, que mesmo assim não substitui o sucesso de décadas atrás.