Homem de Ferro 2020 é fábula cyberpunk do Vingador Dourado

Carlos Bazela

O ano de 2020 passou longe de qualquer previsão mais absurda no quesito estranheza. E, nos quadrinhos, a coisa não foi muito diferente. Principalmente no arco Homem de Ferro 2020, publicado aqui pela Panini na forma de uma minissérie em três edições, cuja primeira edição acaba de sair.

Na história da mini, escrita por Dan Slott, com arte de Christos Gage e Pete Woods, temos uma nova e estilizada armadura vermelha e dourada. Mas, quem está dentro não é Tony Stark e sim seu irmão Arno. Isso mesmo. Anthony Stark não é filho único nessa narrativa e está desaparecido após fazer descobertas chocantes de sua própria condição enquanto ser humano.

De quebra, perdeu o controle de seu império para seu irmão, que está obcecado com uma ameaça espacial a caminho da Terra. E, para completar o festival de estranhezas dessa edição, os pais dos dois, Howard e Maria Stark estão vivos, em corpos de carne e osso. Ah, e como se não fosse o bastante, Tony não é filho biológico dos dois.

Homem de Ferro 2020 é um choque tanto para leitores novatos, que se acostumaram com o personagem nas telas dos cinemas e nas animações da Marvel, quanto para os veteranos. Principalmente os que não acompanham regularmente os gibis mensais do Vingador Dourado. Contudo, o prefácio dessa edição da Panini e a linha do tempo no final da edição ajudam na localização, citando os fatos mais importantes e em quais edições saíram.

A guerra das I. A.

Em Homem de Ferro 2020, o mundo está testemunhando a revolta de todas as Inteligências Artificiais do planeta. Seguindo um líder que atende como Mark Um, as máquinas exigem direitos civis e estão dispostas a chegar até as últimas consequências para conseguir isso. Enquanto Arno Stark e sua nova sócia, Sunset Bain, da Baintrônica, tentam colocar ordem a esse caos, mostrando pouco ou nenhum apego pelo livre-arbítrio das I.A.s.

O mais curiosos é que a ameaça que está tirando o sono de Arno só pode ser vencida com o auxílio das máquinas, segundo o próprio. Mas, todas devem estar sob seu comando. Esse clima de fábula cyberpunk, com máquinas exigindo tratamento igual a humanos cai como uma luva para uma história do Homem de Ferro. O fato de Arno Stark e sua sócia serem pessoas de caráter duvidoso também faz uma alusão aos primórdios do personagem, quando Tony não era bem um cavaleiro de armadura no sentido figurado do termo.

Em paralelo, o mix da HQ ainda mostra o início de uma aventura da equipe Força-Tarefa, que fez bastante sucesso nos anos 1990 e até chegou a aparecer na série animada do ferroso. Dessa vez com Máquina de Combate no comando, o time ainda conta com Tremor e o Agente Americano em uma missão para resgatar Bobbi Morse, a Harpia, de um grupo guerrilheiro com poderes cibernéticos.

Mais Homem de Ferro 2020

Com o lançamento da minissérie, a Panini ainda publicou o encadernado de capa dura Homem de Ferro 2020 – O Homem do Ano. Nele, estão reunidas histórias clássicas que mostram a origem desse “herói” de armadura de um futuro que acabou virando presente, bem como outros personagens relevantes para o novo arco de Arno Stark, como Aaron Stack, o Homem-Máquina.

No encadernado, conseguimos ter uma ideia do quão egoísta é esse novo Vingador Dourado e o quanto ele é obstinado para conseguir o que deseja. Sempre acreditando que os fins justificam os meios.

Por fim, tanto a mini quanto O Homem do Ano tiram o Homem de Ferro do lugar comum, trazendo os conceitos de futurismo que sempre permearam suas histórias e desconstruindo o herói. Homem de Ferro 2020 transforma novamente o personagem em alguém trágico e amoral, que busca a todo custo sair da sombra de Tony Stark.

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