Disponível na Netflix desde os últimos dias de 2021, a segunda temporada de The Witcher, série estrelada por Henry Cavill (Liga da Justiça) começa sem tempo para enrolação. Após o reencontro entre Geralt de Rívia (Cavill) e Ciri (Freya Allan, de The Third Day) no último ano (leia a crítica), o bruxo agora cruza o Continente para manter a garota segura.
Enquanto procura por ajuda para entender seus poderes e os motivos que fazem a garota ser perseguida pelo exército de Nilfgaard, Geralt opta por levar Ciri até Kaer Morhen, lar e refúgio dos bruxos, onde encontra seus colegas, como Eskel (Basil Eidenbenz, de A Favorita), Lambert (Paul Bullion, de Peaky Blinders) e o mentor de todos eles, o veterano Vesemir (Kim Bodnia, de Killing Eve: Dupla Obsessão). É aí que ela decide deixar o papel da princesa indefesa de lado de vez e começa o seu treinamento com os matadores de monstros.
Nesse meio-tempo, acompanhamos o destino das feiticeiras Yennefer de Vengerberg (Anya Chalotra, de Sherwood), Triss Merigold (Anna Shaffer, de Fearless) e Fringilla Vigo (Mimi Ndiweni, de Star Wars: A Ascensção Skywalker) após a Batalha de Sodden, que resultou na queda de Cintra, deixando a cidade livre para ser reclamada pelos elfos, seus antigos, seus antigos donos, cuja aliança com Nilfgaard promete mudanças no cenário do Continente.
Narrativa equilibrada
Um ponto importante dessa temporada de The Witcher é o bom equilíbrio entre fantasia e política. Se a descoberta dos poderes de Ciri e a sua ligação com entidades sobrenaturais, como a aterrorizante Perseguição Selvagem, são o centro da narrativa, a chegada do conselheiro Sigismund Dijkstra (Graham McTavish, de Rambo IV), e do rei da Redânia, Vizimir (Ed Birch, de Cruella), são tão importantes quanto. Assim como os desdobramentos da ascensão dos elfos chacoalha as peças do tabuleiro político da trama.
Uma linha do tempo mais linear, com menos flashbacks, contribui para a trama e facilitam o espectador a se localizar e se identificar com os personagens. Algo que também acontece por termos os atores do elenco principal mais à vontade em seus papéis. Principalmente Allan e Cavill, que entregam uma ótima dinâmica de pai e filha, explorando tanto os sentimentos do bruxo e sua própria forma de expressá-los, como o espírito de luta da moça para domar seu medo.
Mudança de tom
Para equilibrar bem arcos distintos nos mesmos oito episódios de quase uma hora cada, a 2ª temporada de The Witcher recebeu mudanças relevantes em relação à primeira, como a diminuição das cenas de nudez e sexo. Ainda que haja uma ou outra parte mais picante e o nível de violência mantenha a censura nos 18 anos, como deve ser, Yennefer, por exemplo, expõe muito menos seu corpo do que no ano anterior.
The Witcher também se revela uma série que poderia muito bem se sustentar em arcos curtos, algo que provavelmente aconteceria se tivesse exibição semanal em TV aberta, por exemplo. O primeiro episódio, Um Grão de Verdade, inclusive, mostra que ter o bruxo enfrentando o monstro da vez em uma história fechada é um alívio bem-vindo para descansar o espectador em meio a uma trama mais complexa.
Além de contribuir para vermos mais das criaturas aterrorizantes desse universo criado pelo o escritor polonês Andrzej Sapkowski.