“Priscilla” traz novas camadas de Elvis Presley

Festival do Rio: "Priscilla" traz novas camadas de Elvis Presley
Crédito: Philippe Le Sourd

Em Priscilla, o mais recente filme de Sofia Coppola (diretora de Maria Antonieta), o destaque vai para a vida de Priscilla Presley e sua relação tumultuada com Elvis. O Boletim Nerd teve a oportunidade de assistir antecipadamente à produção, que será lançada nos cinemas brasileiros em 26 de dezembro, durante a 25ª edição do Festival do Rio, que ocorreu de 5 a 15 de outubro no Rio de Janeiro. Baseado no livro Elvis e Eu, escrito por Priscilla em colaboração com Sandra Harmon e publicado em 1985, o filme encerrou o Festival do Rio 2023 junto com a produção brasileira O Sequestro do Voo 375.

Sinopse

“Quando a adolescente Priscilla Beaulieu conhece Elvis Presley em uma festa, o homem que já era um superstar do rock torna-se alguém completamente inesperado em momentos particulares: uma paixão emocionante, um aliado na solidão, um melhor amigo vulnerável. Sofia Coppola, pelos olhos de Priscilla, revela o lado invisível do famoso mito americano durante o tumultuado relacionamento de namoro e casamento de Elvis, desde uma base militar na Alemanha até a propriedade dos sonhos em Graceland. Um retrato de amor, fantasia e fama profundo e arrebatadoramente detalhado.”

Amor à primeira vista

A história tem início em 1959 na Alemanha, quando Priscilla Beaulieu (Cailee Spaeny, da série Mare of Easttown), que morava em uma base militar americana, é convidada para uma festa liderada por Elvis Presley (Jacob Elordi, da série Euphoria). A jovem, de 14 anos na época, vive uma história de amor à primeira vista com o ídolo. Anos depois, ela consegue a permissão da família para viver com o cantor em Graceland, sua propriedade em Memphis.

Desde o início da relação, Elvis se revela controlador e possessivo, ditando até mesmo detalhes como penteados e cores de roupas, mantendo Priscilla em uma bolha. Com as imposições de Elvis, Priscilla percebe que está perdendo a identidade para se moldar à vontade do marido. O longa foca no relacionamento entre a mulher e o o seu ídolo, que parecia incapaz de amá-la plenamente. O filme enfatiza que, como esposa de Elvis, Priscilla vivia esperando por sua volta, como se estivesse aprisionada, assim como uma prisioneira aguarda a liberdade. Coppola destaca que, apesar do luxo, Priscilla se sentia encurralada pelas imposições do marido e de seu estilo de vida, tornando-a solitária e vulnerável.

Trailer

Assim, o filme se torna um contraponto positivo ao Elvis (2022) de Baz Luhrmann, que foi criticado por dar pouca atenção à ex-mulher que teve um papel fundamental na vida e carreira do cantor. Em comparação, o longa de Coppola é mais intimista. Mais preocupado em desenvolver melhor o casal principal, proporciona uma experiência interessante e controversa, o que pode não agradar a todos os gostos. Mas quem embarcar na proposta de Coppola certamente se sentirá recompensado.

Atuações

A ótima atuação de Spaeny é o grande destaque de “Priscilla”. A atriz convence tanto na fase adolescente quanto na época adulta. A protagonista enfrenta intrigas devido ao comportamento mulherengo de Elvis, que precisava parecer disponível para suas fãs mesmo sendo casado. Elordi, embora não se pareça fisicamente com o cantor e não supere o excelente trabalho de Austin Butler em “Elvis”, destaca os contrastes entre o Elvis afetuoso no início e o agressivo com sua esposa, mantendo uma fala suave.

O que chama a atenção em “Priscilla” é a maneira que Coppola resolve contar a trajetória da protagonista durante o relacionamento. A cineasta destaca a evolução de Priscilla, de uma adolescente apaixonada e submissa a uma mulher que questiona seu papel na vida de Elvis. A diretora mostra Priscilla se transformando com roupas e maquiagem para manter uma imagem perfeita, mesmo que ela não concordasse totalmente com isso.

Trilha sonora

Ao criar ‘Priscilla’, Coppola enfrentou um problema inesperado: seu pedido para usar músicas de Elvis foi negado pelos detentores dos direitos autorais. Por causa disso, pequenos trechos de músicas como “Love me Tender” são ouvidos como trilha incidental. Para compensar, a diretora usou músicas de outros artistas, como Ramones com “Baby I Love You” na abertura do filme, além de canções de Frankie Avalon e Dolly Parton para compor a trilha sonora. O grupo Phoenix, cujo vocalista é Thomas Mars, marido da cineasta, também contribuiu com outras músicas.

Veredito

Já o final apressado pula de uma história para outra sem uma conclusão muito satisfatória. Talvez uma edição mais apurada não fizessem mal para concluir a sua história. Além da trilha, outros elementos bem trabalhados no longa são a direção de arte e figurinos. Eles conseguem reconstituir bem a época em que Elvis e Priscilla viveram juntos e enchem a tela com tamanha beleza.

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