Euphoria: uma bad trip necessária

Euphoria: uma bad trip necessária

Se sentir querido, ser aceito, ser desejado, ter o relacionamento perfeito. Essas são algumas das principais obsessões da sociedade, não é de hoje. Porém, com as redes sociais, jovens e adultos experimentam cada vez mais a necessidade de mostrar sucesso nisso tudo. E quando não é possível, caminhos perigosos costumam ser tomados. Baseada numa série israelense de mesmo nome, Euphoria destrincha e debate sobre a sombria realidade dos adolescentes.

Com 2 temporadas disponíveis na HBO Max – cada uma composta por 8 episódios, de 1h de duração –, a atração recriada por Sam Levinson (Águas Profundas) volta os olhos para uma região de subúrbio dos EUA, onde a vizinhança aparentemente tranquila é a fachada perfeita para dramas relacionados a drogas, sexo e violência. Como destaque, vale ressaltar que a narrativa não só foca nas vidas dos jovens, como também nos dilemas dos seus pais.

As protagonistas de Euphoria são Rue (Zendaya, de Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa) e Jules (Hunter Schafer, estreante). Enquanto a primeira busca refúgio nos entorpecentes para evitar a dor da perda do pai, a segunda procura aceitação (como uma garota trans) em conversas online e encontros com homens. Quando se encontram na escola e, de alguma forma, se apaixonam, o seriado lança um de seus exemplos de relacionamentos tóxicos.

Vivendo de aparências

No meio disso está Nate (Jacob Elordi, de A Barraca do Beijo) e seu pai, o empreiteiro Cal (Eric Dane, de Anatomia de Grey). Vindos de uma família das mais tradicionais, Nate e Cal, sem um saber do outro, acabam se envolvendo com Jules. Se Nate arrisca sua fama de “hétero top”, Cal tem sua liberdade em xeque, pois ele gravou sua relação com a menina. Acontece que a filmagem cai nas mãos de Maddy (Alexa Demie, de Ray Donovan), raivosa ex de Nate.

Descontrole cada dia

Embora a luta de Rue contra o vício seja o eixo principal do enredo, há pouco avanço nisso – possivelmente o especial de fim de ano seja o auge de sua saga. Deste modo, a segunda temporada tem como maior atrativo a jornada de Cassie (Sydney Sweeney, de Observadores), que é irmã da melhor amiga de Rue, Lexi (Maude Apatow, de Hollywood). Cassie carrega o fardo do estereótipo de “garota perfeita”, sempre responsável por agradar.

Contudo, a jovem logo se depara com o vazio de uma vida dedicada às aparências, sem nunca lidar com questões difíceis ou simplesmente a liberdade de não ser aquilo que as pessoas querem ver. O ápice da 2ª temporada de Euphoria é dela e há gancho para ainda mais.

No entanto, é preciso dizer que esta é uma série difícil de se assistir, por conta da pesada carga emocional e atmosfera negativa. Ou seja, exige um preparo e esforço devido à variedade de assuntos sensíveis que são abordados. Mas, artisticamente, o programa é impecável.

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