Exclusivo: Vitor Cafaggi detalha criação de Franjinha – Contato

Exclusivo: Vitor Cafaggi detalha criação de Franjinha – Contato

Durante a Bienal do Livro de São Paulo, tivemos a oportunidade de conversar com Vitor Cafaggi, criador e ilustrador da graphic novel Franjinha – Contato.

Nascido em Minas Gerais, Vitor sempre foi amante de histórias em quadrinhos, mundo em que logo que teve a oportunidade e também inseriu sua irmã, Lu Cafaggi, que colaborou com o artista da trilogia de graphics MSP Laços, Lições e Lembranças, da Turma da Mônica – lembrando que os dois primeiros títulos ganharam adaptações para os cinemas recentemente.

Além dos trabalhos com os personagens criados por Maurício de Sousa, Cafaggi também é responsável pela criação da web tirinha do Puny Parker, imaginando a infância do Homem-Aranha e das tirinhas do cãozinho Valente, recém-publicadas pela Panini.

O quadrinista marcou presença no evento para promover o lançamento de seu mais novo trabalho, focado nas aventuras do famoso cientista do bairro do Limoeiro, Franjinha. Na história, o jovem está passando por dilemas morais com a chegada da idade de transição entre criança e adolescente, se questionando sobre sua vida.

Confira o bate-papo com Vitor Cafaggi:

BN: Qual foi a diferença entre escrever a graphic do Franjinha com relação aos seus outros trabalhos?

VC: Acho que em relação principalmente a Turma da Mônica, né? As graphics que eu fiz com a minha irmã. Eu senti uma liberdade maior por ele ser um personagem que a gente tem como menos definido no nosso imaginário comparado com o Cebolinha, Cascão, Magali e a Mônica, que são personagens que nós já lemos muito mais histórias e que já sabemos muito mais características com sobre.

O Franjinha basicamente você sabe que ele é cientista, que ele gosta da Marina, então eu tive mais liberdade para poder criar ao redor dele. Também o apego ao personagem, a Turma me trouxe muita nostalgia ao trabalhar com eles. Com o Franjinha eu já não tinha esse sentimento de infância, o que causou muito mais liberdade na hora de criar a história.

BN: Em algumas declarações você havia comentado que, durante o processo de criação, acabou se vendo no personagem. O que causou essa identificação entre o Vitor e o Franjinha?

VC: Eu consegui enxergar o jeito que ele é apaixonado pela ciência e o modo como eu coloco isso na história é muito parecido com o modo que eu sempre fui apaixonado por quadrinhos, é uma paixão de infância.

Na história, ele está passando por essa transição para a adolescência e está na dúvida se continua gostando desses assuntos, se isso não se tornou uma coisa muito infantil para ele. Quando eu estava nessa idade, também passei por isso com relação aos quadrinhos: será que eu continuava lendo? Se parava ou não… Então, toda a história foi construída em cima disso. O fato de ele ser um menino mais introvertido também ajudou a inserir muitas coisas minhas no Franjinha.

BN: Aproveitando que você citou sua irmã. Quão importante você acredita que é para as crianças crescerem consumindo essas histórias em quadrinhos? Qual o significado que você acredita que tem para elas?

VC: Acho que é um bom jeito de começar a leitura na vida. Falando por mim e pela minha irmã, já que eu acompanhei a infância dela por ser 10 anos mais velho, na escola pediam para nós lermos alguns livros e nós víamos aquilo como uma obrigação. Já com os quadrinhos era diferente, era aquela coisa leve e divertida que nós líamos por vontade própria, não era uma obrigação.

Então, eu acredito que as histórias em quadrinhos são uma ótima porta de entrada para a leitura, principalmente a Turma da Mônica, mas também outros quadrinhos parecidos. E, quando o gosto pela leitura cresce, essa transição dos quadrinhos para os livros não precisa ser uma evolução, dá para continuar lendo quadrinhos pelo resto da vida assim como faço, já que existem de todos os tipos, com várias histórias diversas e para todos os públicos.

Depois de 10 anos trabalhando com as graphics MSP, qual história você gostaria de ver ganhando os cinemas após “Laços” e “Lições”?

VC: Eu estou doido para ver o filme do Chico Bento! É meu personagem favorito do Maurício de Sousa, e também puxando um pouco para o meu lado, eu queria muito ver o Franjinha em uma série ou filme futuramente.

E como um grande fã do Homem-Aranha, acompanhei as web-comics do Puny Parker. Mesmo o Peter Parker sendo um personagem tão facilmente identificável, ele ainda está inserido em um contexto cultural e social muito diferente da realidade de um garoto brasileiro. Desse jeito, como você imagina que seria um Homem-Aranha brasileiro?

VC: Olha, para começar, ele teria que arrumar outro jeito de andar por aí. Talvez aqui em São Paulo desse certo por conta dos prédios, mas em outros lugares seria mais difícil mesmo, ia ser no metrô e ônibus mesmo.

O Homem-Aranha é um cara que todo dia coloca um pijama e sai por aí tentando ser a melhor pessoa que ele puder, não importa se ele está fazendo isso de ônibus ou de teia. Acho que ele teria bastante trabalho aqui no Brasil, mas seria um cara como nós, um trabalhador normal, com dias bons e dias ruins, a diferença é que ele está sempre tentando fazer o melhor.

Tem algum quadrinho que você esteja lendo agora?

VC: Eu estou lendo o último encadernado do Demolidor e a Saga do Demolidor que está saindo pela Panini, além das mensais do Homem-Aranha.

Gosto de ler de tudo, mangás, quadrinhos europeus, por sorte agora eu estou tendo tempo para ler e estou atualizando tudo. Estou para começar a ler A Saga dos X-Men agora também. Homem-Aranha, Demolidor e os X-Men são meus favoritos da Marvel, então estou sempre acompanhando.

Franjinha – Contato está à venda nas livrarias, comic shops e na loja Panini.

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