Em Alma, mangá de Shinji Mito, que acaba de chegar aqui pela Panini, o casal de adolescentes Rice e Ray pode ser o único resquício de vida humana na Terra. Vivendo numa cidade destruída e passando por um inverno interminável, eles seguem procurando por outras pessoas, contando com os registros fotográficos feitos por Lambda, um ciborgue em forma de hamster.
Contudo, Ray não desiste e vai cada vez mais longe em suas expedições para descobrir mais sobre o local onde vivem e tentar algum contato com outro ser da nossa espécie. Tudo muda quando naves futuristas tomam os céus e uma estranha androide atenta contra a vida dos dois. É, então, que Rice se revela também um robô e defende Ray da invasora. Mas, não sem ser mortalmente ferida.
Agora, totalmente sozinho, Ray decide deixar o abrigo para descobrir mais sobre as estranhas máquinas e se elas são mesmo a única coisa semelhante aos seres humanos que sobrou por aqui. Mas, que tipo de pessoa haveria sobrevivido ao encontro com um inimigo tão poderoso? Será que vale a pena encontrá-los.
Respostas e mais perguntas
Quando se começa a ler Alma, a sensação de mais do mesmo é inevitável. Afinal, a premissa pós-apocalíptica de mundo desolado por uma guerra contra máquinas sencientes tem sido abordada pela cultura pop desde os primórdios da ficção científica.
No entanto, o mangá consegue trazer novas camadas para o enredo entregando contexto logo de cara. Ainda que seja somente o primeiro volume, o leitor fica sabendo exatamente o que houve com o mundo e como as máquinas venceram. Aliás, a forma como isso é contado é um prato cheio para os fãs da série Westworld, uma vez que mostra os abusos das pessoas com os autônomos que, eventualmente se tornariam rebeldes também por soberba humana.
À beira da loucura
Mas, não pense que todos os segredos de Alma são revelados logo de cara. Ainda é preciso descobrir qual o papel de Ray em todo esse contexto e o porquê dele não ver as máquinas como ameaça e, em muitos momentos, vice-versa.
Aliás, o protagonista do mangá se revela uma presença forte e os momentos nos quais ele flerta com a insanidade após perder Rice, questionando os motivos de sua jornada, criam identificação e instigam ainda mais quem lê a acompanhá-lo.
Alma foi publicado originalmente no Japão entre 2019 e 2020 e concluído em quatro volumes.