10 anos. Esperei dez anos por esse momento. O filme mal começa e sabemos que era esse filme que a Marvel precisava. Nada contra Vingadores: Guerra Infinita. Estou ansiosa por esse filme. Mas o filme que estávamos mesmo precisando era Pantera Negra (leia a crítica). E, finalmente, esse dia chegou.
Em dez anos de Universo Cinematográfico da Marvel (vamos considerar o universo expandido das séries), a quantidade de personagens negros é mínima – imagine então de protagonistas! Sim, tivemos Luke Cage, que, apesar da superforça, é um ex-presidiário. Falcão é um bom personagem, porém, é secundário – um parceiro do Capitão América.
Temos a Tempestade, uma das personagens mais incríveis dos X-Men, mas… Além dela temos mais quem?
Basta um simples exercício para vermos como é precário o protagonismo e a representatividade de figuras negras: mencione dez super-heróis brancos e dez negros. Difícil, não é? Não era para ser assim, já que somos milhões no mundo.
Como um jovem nerd deve se sentir em um meio que mal há representatividade para ele? O número de cosplays é muito limitado, os personagens são poucos ou praticamente desconhecidos. Então, o que nos restou foi aguardar, somente. A cada filme, vimos a Marvel construir seu universo, grandioso, um fenômeno cultural, mas ainda assim vinha aquele sentimento “onde estou no meio de tudo isso?” Até que veio Wakanda!
Pela perspectiva técnica, Pantera Negra tem a maturidade e a construção coerente da história que não víamos provavelmente desde Capitão América 2: Soldado Invernal ou Guardiões da Galáxia. Tivemos um vilão sólido, com propósito, tão diferente da galhofa que foi o Mandarim em Homem de Ferro 3. Por mais fictício que fosse Wakanda e toda trama envolta do vibranium, tivemos uma verossimilhança com a colonização, tópicos éticos e raciais que criaram um laço com o público. Foi um filme de encher os olhos e deixar até o fã mais exigente de quadrinhos satisfeito.
Como nerd, mulher e negra, ver o rei de Wakanda tão bem representado nas telas de cinema foi emocionante. Com um elenco predominantemente negro (e talentosíssimo!), pudemos finalmente saber como é nos sentir representados, pois, não éramos mais o ex-presidiário ou um alívio cômico secundário… Agora somos a realeza, somos guerreiras e cientistas. Daí por diante, haverá crianças que se enxergarão em T’Challa, Shuri e Nakia. Uma nova era está chegando e Pantera Negra foi o ponto de partida necessário. É com orgulho que entoamos “Wakanda para sempre”!