Drácula: minissérie procura desvendar mistérios de mito com ego frágil

Segundo crendice popular, os vampiros têm horror ao crucifixo, definham se expostos a luz solar, não possuem reflexo quando ficam diante do espelho e morrem com uma estaca de madeira pregada ao peito – além de não gostarem muito de alho. Minissérie da Netflix em parceria com BBC, Drácula investiga o que de fato está relacionado à mitologia de um dos monstros mais famosos da cultura pop. De Mark GatissSteven Moffat, criadores de Sherlock, a produção chegou ao serviço de streaming no dia 4 de janeiro, com três episódios de 1h30 de duração.

Mostrando-se levemente inspirada no livro de Bram Stoker, a trama viaja para 1897, contanto as origens do misterioso Conde Drácula (Claes Bang, de Millennium: A Garota na Teia de Aranha) na Europa Oriental, onde elabora planos para conquistar a Inglaterra, visando alcançar mais vítimas. Deste modo, o público pode acompanhar os intentos do vilão ao longo de períodos diferentes, partindo do já citado 1897, nos capítulos “As regras das trevas” e “Sangue a bordo”, até 123 anos depois – isto é, o ano atual de 2020 –, em “Bússola sombria”.

Drácula absorve conhecimentos de suas vítimas através do sangue bebido. (Foto: Netflix)

Instável, o seriado apresenta bom início, trazendo em “As regras das trevas” um testemunho de Jonathan Harker (John Heffernan, de Decisão de Risco), que, de certa maneira, “sobrevive” a uma temporada no castelo do Conde Drácula, na Transilvânia. No relato para a freira Agatha Van Helsing (Dolly Wells, de O Diário de Bridget Jones) – que demonstra grande importância como principal combatente do vampiro –, Harker explica sobre os hábitos predatórios de Drácula, suas experiências sobre consciência e procriação da espécie e suas limitações.

Se o terror e a violência dominam a estreia, a continuação do programa em “Sangue a bordo” aposta em uma atmosfera de suspense. Embarcando no navio Deméter, que ruma à Inglaterra, no qual os seus tripulantes começam a desaparecer e uma trama nefasta se revela, dando sequência para o confronto travado entre Drácula e Van Helsing. Destaque aqui é o conceito de “não-morto”, introduzido anteriormente, mas que é abordado com mais propriedade pelo cientista Dr. Sharma (Sacha Dhawan, de Punho de Ferro), um dos personagens mais interessantes em cena.

Agatha Van Helsing demonstra sabedoria sobre ocultismo e combate o vampiro. (Foto: Netflix)

Já “Bússola sombria” parece desnortear a jornada ao situar-se mais de um século mais tarde, inserindo Drácula aos dias atuais. Fascinado pelas novas tecnologias, o vampiro passar a caçar através dos aplicativos de paquera – tal deslumbre se faz até divertido de início, porém, logo se torna cansativo. Neste episódio, são apresentadas figuras da obra original, como Jack Seward (Matthew Beard, de O Jogo da Imitação), Quincey Morris (Phil Dunster, de A Grande Mentira) e Lucy Westenra (Lydia West, de Years and Years), todos modernizados e sem profundidade.

Depois de dois capítulos que saciam as expectativas criadas na divulgação da série, o final se torna decepcionante pelo seguinte motivo: após prometer grandes revelações sobre os pontos fracos do monstro, analisando campos religiosos e científicos, o programa dá solução simples e, ainda assim, mal explicada. Apesar da falha na transição para tempos modernos e da ausência de melhor fundamentação em suas respostas, a Drácula acertar ao descrever seu protagonista como um indivíduo tóxico e de masculinidade frágil, algo que realmente condiz com seu comportamento.

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