Sofrendo com as noites chuvosas de verão? A Ilha de Brody, no estado do Maine (EUA), onde se ambienta Cesto de Cabeças, também está. Aliás, a força das águas inundou os acessos do local e causou um apagão em grande escala.
Isso somado ao fato de que a jovem June Branch teve seu namorado, o policial Liam, levado por bandidos fugitivos e está desenhado o cenário de suspense e terror da HQ escrita por Joe Hill, com arte de Leomacs e Riccardo La Bella; e cores de Dave Stewart.
Armada com um machado, relíquia viking da casa em que se hospeda, Branch chega ao limite ao ser atacada por um dos criminosos. A moça, então, consegue golpeá-lo no pé e, na sequência, num movimento quase involuntário, acerta o pescoço, separando a cabeça do corpo. Porém, o homem decapitado não está morto. Por alguma razão desconhecida, sua cabeça segue bem viva e em desespero após se dar conta do acontecido.
Também em desespero, Branch guarda a cabeça em um cesto e a cobre com um pedaço de bandeira. Enquanto tenta entender o que se passa, ela precisa descobrir o paradeiro de seu amado antes que acabem com a vida dele. Mas, o pesadelo dessa noite chuvosa de verão de 1983 está apenas começando. E o cesto tende a ficar cheio.
Arte de cinema
A arte de Leomacs, La Bella e Stewart entrega uma narrativa cinematográfica. Com muitos quadros sem fala, os artistas capricham no visual para contar a história e manter o clima tenso e de terror que ela merece e, ao mesmo tempo, serem didáticos para que o leitor não se perca.
Outro ponto do quadrinho é não ter firulas em mostrar as cenas mais gráficas de violência, com membros amputados. Entretanto, há uma suavidade no traço e nas cores que destoa de outros gibis de terror e isso cai bem para Cesto de Cabeças, pois contribui para que o leitor não se levante até que o álbum em capa dura esteja terminado.
Filho de peixe
Ao ler Cesto de Cabeças, o ritmo da trama e a ambientação em Maine fazem lembrar da obra de Stephen king. Pudera: Joe Hill é filho dele e herdou do pai o talento para as narrativas de suspense e terror com um toque singular: o elemento fantástico como mero tempero para situações apavorantes do cotidiano, servidas com uma pitada de humor ácido.
Veja bem: há cabeças decepadas falantes e o clima da história se mantém tenso. Principalmente porque o terror de verdade fica por conta das pessoas comuns, mostrando sua pior face em situações de ira e cobiça.
Publicada aqui pela Panini, Cesto de Cabeças é um título da Hill House, universo dedicado aos projetos assustadores do autor, que faz parte do selo DC Black Label, e promete material de qualidade para quem gosta do gênero. E se faz ótimo exemplo de que a DC, mesmo após a extinção do selo Vertigo, tem espaço para histórias adultas e que não necessariamente tragam os personagens da Casa, como em Batman: Amaldiçoado (leia a resenha).
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