“Castlevania: Noturno” é adaptação mais complexa

“Castlevania: Noturno” é adaptação mais complexa
Cortesia da Netflix

Depois que a primeira adaptação terminou aclamada pelo público e crítica, a Netflix volta a explorar a mitologia dos jogos da Konami com Castlevania: Noturno. Criada por Clive Bradley, a série chegou ao streaming no final de setembro, com uma trama situada ao ano de 1792, na França – sim, este é o período histórico da Revolução Francesa. Com isso, a atração se passa mais de 300 anos após os eventos apresentados no anime anterior, iniciado em 2017.

Desta forma, a produção se concentra em Richter Belmont (Edward Bluemel, de A Descoberta das Bruxas), jovem da linhagem de Trevor Belmont e Sypha Belnades. Assim, o protagonista não só herdeu o chicote e a habilidade dos caçadores de monstros, como os poderes mágicos descendente Oradora. No entanto, embora a narrativa siga Richter em sua juventude, o principal trauma carregado pelo herói vem de sua infância, quando sua mãe foi morta por um vampiro.

Para você que é gamer, as inspirações estão em Castlevania: Rondo of Blood (1993) e Castlevania: Symphony of the Night (1997).

Contexto histórico e social

Mais adulto, Richter se envolve em um grupo que protesta contra as desigualdades sociais e econômicas, principalmente sobre os impostos cobrados à população para o sustento da aristocracia. Além disso, para piorar, os revolucionários apontam que esta elite é  composta de vampiros. Belmont e sua irmã adotiva, Maria Renard (Pixie Davies, de Humans), são os mais engajados com a causa. Ao longo dos oito episódios, eles descobrem que as dúvidas têm fundamento.

Ricaços literalmente vivendo às custas dos pobres não é uma metáfora sutil, mas soma pontos à trama pela conotação política.

Mitologia mais elaborada

Apresentada a guerra de classes sociais, “Castlevania: Noturno” explora outros campos. A introdução de Edouard (Sydney James Harcourt, de Tell Me a Story) e Annette (Thuso Mbedu, de A Mulher Rei), com seus poderes oriundos de orixás, dá pluralidade à religião – pauta frequente na saga. Enquanto Annette concentra potencial mágico gigantesco, Edouard extrapola o folclore da adaptação até aqui. Afinal, quando ele é – SPOILER – transformado em criatura da noite, conserva sua consciência humana.

Se você acompanhou o seriado inicial, sabe que criaturas da noite são feitas de corpos humanos com almas retornadas do inferno. São seres usados por mestres da forja como exércitos de magos e vampiros. São monstros com sede de sangue, sem muito intelecto. Mas, em sua vez, Edouard comove ao sofrer por sua condição, cantando ópera de maneira linda e triste.

Cenário pessimista

Como se isso não bastasse, os protagonistas lidam com uma ameaça enorme: a chamada Devoradora da Luz. Essa figura desperta o terror de personagens secundárias por ser capaz de mergulhar o mundo em sombras. É uma escala nova de poder, mas a vilã Erzsebet Bathory (Franka Potente, de Corra, Lola, Corra) entrega o que promete. Se o desafio está em nível máximo, o herói da vez se encontra no mínimo. Dessa forma, a série deixa as coisas mais tensas, porque a vitória do bem é incerta.

O cenário, entretanto, permite que a atração trabalhe no desenvolvimento do protagonista. Isso é algo diferente do que se viu em Trevor Belmont, que não contava com muito espaço para evolução. Mas entre demônios e traumas, Richter literalmente acende a chama da esperança – para a já confirmada segunda temporada.

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