Não é novidade pra ninguém que animações conseguem emocionar e tirar algumas lágrimas de seus espectadores tão bem quanto qualquer outra forma de cinema. Quem nunca se emocionou com a morte de Mufasa? Ou com a canção de Miguel para sua bisavó em Viva – A Vida é uma Festa? Bem, Robot Dreams não fica para trás!
Cachorro, Robô, praia e Nova York
Exibida na 47ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, a animação francesa e espanhola conta a história de um cachorro que, em uma cidade antropomorfizada, se sente solitário e decide comprar um robô para lhe fazer companhia. Depois de se tornarem amigos inseparáveis, uma série de acontecimentos desastrosos obriga Cachorro a abandonar Robô na praia. Será que se encontrarão novamente?
Tal questionamento move todo o longa-metragem. Ao longo dos acontecimentos, que permeiam entre realidade e devaneios ao ritmo de uma Nova York dos anos 80, o espectador é convidado a torcer pelos personagens e imaginar se seus caminhos voltarão a se cruzar.
Outro ponto relevante é que, ao longo de sua trama, fica claro que “Robot Dreams” poderia muito bem contar a mesma história com humanos – que se aproximam, mas são obrigados a se separar por um tempo. Porém, o uso de animais e robôs contempla uma história bem-humorada, que traz boas risadas como acompanhamento.
Robôs podem sonhar?
Com uma animação simples, mas que sabe ser criativa quando precisa, “Robot Dreams” tem um encanto que vai além de sua história.
O filme se utiliza de quadros diferenciados para representar os sonhos e devaneios de seu coprotagonista, um Robô esperançoso, acompanhado de reviravoltas à la “isso é real, ou só um sonho?”. Desta forma, torna-se bastante interessante de se acompanhar, sabendo prender a atenção de seus espectadores.
Say, do you remember? Dancin’ in September
Fazer um filme sem falas não é fácil, principalmente levando em conta que o trabalho de sonorização deve ser muito bem feito pra manter o foco do público em um contexto sem diálogos. Com expressões muito bem definidas – tanto visual como sonoramente –, este é um acerto da animação, que diverte com seus sons e ruídos bem elaborados.
Outro ponto que vale ser ressaltado é a trilha sonora, que é uma parte importante de “Robot Dreams”. A música “September”, bastante presente no longa, serve não só pra divertir o público e tornar as cenas mais fluidas, mas também para ajudar a contar a história. A canção é, desta forma, quase como o terceiro protagonista do filme.
Antes momentos, agora lembranças
Mesmo sem ter uma animação super inovadora ou de cair os queixos, a obra sabe aproveitar tudo o que tem a oferecer. Alcança seus principais objetivos ao apresentar uma história bela, divertida e pra lá de emocionante.
Aqueles que têm – ou já tiveram – a saudade batendo no peito por alguém que não mais está presente poderão, facilmente, se identificar com a história de Cachorro e Robô. Seja uma criança entretida pelos personagens, ou um adulto emocionado pela história, “Robot Dreams” se mostra uma boa pedida para todas as idades.
Desta forma, mais do que uma história sobre animais e robôs, “Robot Dreams” é um conto sobre amor. O amor da amizade, do companheirismo, daqueles que estão ao nosso lado no dia a dia e compõem as melhores de nossas lembranças. Mas, também, é uma história sobre perda, saudade e, mais do que tudo, superação. Tudo isso, é claro, acompanhado de animais e robôs de mãos dadas nas ruas de Manhattan.