Carnificina Total: o Homem-Aranha na melhor essência

Carlos Bazela
Carnificina Total: o Homem-Aranha em sua melhor essência

O Carnificina está à solta. Após manifestar uma versão mutante do simbionte direto em sua corrente sanguínea, o assassino serial Cletus Kassady escapa do Instituto Ravencroft e cabe ao Homem-Aranha devolvê-lo para trás das grades. Até aí, Carnificina Total parece só mais uma história do Cabeça de Teia com um de seus vilões mais memoráveis.

Entretanto, à medida que se mergulha no encadernado de capa dura, no qual a Panini reúne todas as histórias que compõem a saga publicada originalmente na década de 1980, fica claro que estamos diante de algo mais.

Concebida por um time criativo formado por talentos como Tom DeFalco, Terry Kavanagh, David Michelinie, J.M. DeMatteis, Mark Bagley, Sal Buscema, Ron Lim, Tom Lyle e Alex Saviuk, a trama coloca o herói aracnídeo em seus limites físicos e mentais, precisando lidar desde costelas quebradas até uma crise em seu casamento com Mary Jane, passando pelo luto da morte de seu melhor amigo, Harry Osborn, como o segundo Duende Verde.

Três grupos em conflito

Em Carnificina Total, o Kasady não está sozinho. Em sua fuga, o vilão acaba levando consigo a mortal Shriek, uma psicopata com poderes sonoros (que não mais afetam o simbionte vermelho). Em sua jornada de morte e destruição, a dupla recruta a estranha criatura Contra-parte Aranha e os misteriosos Duende Demoníaco e Carniça.

O grupo força o alter-ego de Peter Parker a formar suas alianças, seja elas a contragosto, com o protetor letal Venom e o vampiro vivo Morbius, a pedido dele mesmo, como a Gata Negra e Flama ou voluntários, caso de Manto e Adaga.

No decorrer da história, o Capitão América, Deathlok e o Punho de Ferro também se juntam ao Aranha, criando três times distintos: os vilões, os heróis e os anti-heróis, sendo esses últimos os que estão decididos que matar Kasady é a única maneira para deter o Carnificina e seu bando, contrariando o código do Escalador de Paredes.

HQ da melhor safra

Completando o cenário de desastre, as atitudes psicóticas do Carnificina ainda acabam gerando uma onda de tumultos e violência que toma conta de Nova York. Utilizando elementos como o caos instaurado e deixando graficamente claro os inocentes mortos pelo vilão que não puderam ser salvos, a história testa as fronteiras morais do Homem-Aranha a todo momento.

Ao ponto dele já não ter mais certeza de que a solução proposta por Venom, Morbius e pela Gata não seria realmente o caminho definitivo para lidar com Cletus Kasady. Mas, para Peter Parker, “sempre existe outro jeito”.

Assim, Carnificina Total é, em definição curta, uma trama completa. Há o heroísmo, em sua melhor essência, enfrentando o mal em sua forma mais pura, com diversas camadas de moralidade que levam o leitor a refletir. Uma HQ que é obrigatória para quem ama o Homem-Aranha e os personagens simbiontes do seu universo. E que é capaz de devolver até ao fã mais desiludido com gibis de heróis o prazer de ler um quadrinho que entrega tudo.

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