Os inimigos simbiontes do Homem-Aranha são quase unanimidade entre os fãs da Marvel. Venom, por exemplo, faz tanto sucesso que já alcançou o posto de anti-herói e já ganhou até filme próprio com sequência agendada para estrear no ano que vem. E agora, a Marvel resolveu voltar suas atenções para Carnificina. O vilão é a peça central do arco Carnificina Absoluta e, recentemente, teve anunciada a reimpressão da história Carnificina Total, sucesso nos anos 1990, na forma de um encadernado de luxo. Ambos publicados aqui pela Panini.
Entre essas tramas de destaque, Mente Assassina, pequeno volume que reúne outras duas histórias noventistas passa quase despercebido. Quase. Assinadas por Warren Ellis e David Quinn, ambas apresentam Cletus Kasady preso no Instituto Ravencroft e exploram a psique do vilão com as belas ilustrações de Kyle Hotz para dar vida ao terror que é dentro da cabeça do serial killer que tem um “filhote” do simbionte de Venom em seu sangue.
Tudo com o apoio de Marie Javins e Gregory Wright, cujo talento ao colorir as páginas fez do vermelho do vilão ainda mais vivo e assustador. Na primeira história, Bomba Mental, Ellis cria uma atmosfera semelhante a Asilo Arkham, da DC, para mostrar o que aconteceria se um misterioso psicanalista decidisse entender o Carnificina. É claro que isso tem tudo para acabar mal, mas é como isso acontece que realmente dá graça para a trama.
Já em A Vida é Maravilhosa, o roteiro de Quinn mostra o Coronel John Jameson, filho do editor do Clarim Diário, ex-astronauta e chefe de segurança do local preso junto com a doutora Kafka em um local ainda mais perigoso do que a cela de Kasady: sua mente. E, para escapar, só escavando ainda mais fundo na personalidade do vilão, algo que talvez eles não estejam prontos para fazer.
Monstro completo
O que torna o encadernado realmente interessante é que não há a presença do Homem-Aranha ou Venom, que frequentemente se unem para derrotar Carnificina. Logo, vemos apenas seres humanos normais tendo que lidar com algo que é uma completa máquina de matar e como ele, mesmo enclausurado em segurança máxima, ainda é uma ameaça real a todos que o cercam.
As histórias também são um ótimo começo para quem ainda não conhece o Carnificina mais profundamente ou tinha ele apenas como um vilão de segundo escalão. Leitura obrigatória, portanto, para quem quiser mergulhar em qualquer uma das outras histórias do vilão publicadas em 2020.
No mais, em Carnificina – Mente Assassina, Kasady mostra o quão perturbado e perigoso ele já era antes de ter acesso aos poderes do simbionte e como tem potencial para estrelar uma trama mais adulta, trazendo boa dose de terror gore para o Universo Marvel.