Altered Carbon: 1ª temporada traz visão pessimista sobre imortalidade

Carlos Bazela

E se você pudesse ser qualquer pessoa, de qualquer idade ou gênero e ainda assim ser você? Esse é o fio condutor do universo de Altered Carbon, série de ficção científica da Netflix, feita com base nos livros escritos por Richard Morgan. Aqui, a consciência das pessoas foi transferida para um cartucho na base da medula e permite que elas troquem de corpo – ou capa, como são chamadas na série – quando o atual deixa de funcionar.

Quem ajuda o espectador a se situar nesse novíssimo mundo é Takeshi Kovacs (Joel Kinnaman, de Esquadrão Suicida), o protagonista da história, que tem seu cartucho implantado novamente em um corpo 250 anos após sua “morte”. O motivo? Utilizar suas habilidades para desvendar o assassinato de Laurens Bancroft (James Purefoy, de Sex Education) a pedido do próprio.

Kovacs precisa investigar o ataque a um magnata e lidar com o passado de seu corpo. (Foto: Netflix)

Bancroft é um “Matusa”, nome dado às pessoas ricas o bastante para seguir vivas por séculos. O processo geralmente envolve clonagem, com o indivíduo duplicando sua capa original por ilimitadas vezes e implantar seu cartucho sempre no mesmo corpo. Daí o motivo do método ser tão exclusivo e a impressão de vida eterna.

Já Kovacs é um Emissário, um fuzileiro de elite, versado em diversas táticas de combate e sabotagem, normalmente mandado para missões interplanetárias. Em Altered Carbon, a possibilidade de enviar sua consciência pelas estrelas e baixá-la em um corpo qualquer também facilitou a colonização de outros mundos e, claro, a resolução de conflitos. Esse também é o motivo pelo qual o soldado se acostuma rapidamente com sua nova capa.

Não tão admirável mundo novo

Ser imortal não é barato. No seriado, se sua capa e destruída, é preciso comprar uma nova, o que leva a sociedade a novos níveis de opressão pelas classes abastadas. Os Matusas, além de juntarem fortuna suficiente para comandar o jogo no século XXV, podem utilizar corpos com habilidades especiais. Visão noturna e certas imunidades são alguns dos presentes.

Ou, como no caso de Miriam Bancroft (Kristin Lehman, de A Batalha de Riddick), a esposa de Laurens, para situações mais interessantes já que sua capa foi geneticamente manipulada para secretar feromônios e outras substâncias que estimulam a libido. Sexo e nudez, aliás, são constantes na atração original Netflix para banalizar o corpo, mostrando-o apenas como mais uma ferramenta temporária e não como algo sagrado com o qual não se pode viver sem.

Altered Carbon é complexa. Alternando entre o tempo atual, o passado de Kovacs e as pessoas que faziam parte de sua história, a série tem uma sobrecarga de informações que exigem a atenção do espectador. Com o recurso das trocas de corpo e os flashbacks é preciso ficar de olho e confiar nas expressões corporais para identificar Kovacs em cada cena.

Isso somado a sua busca pessoal pela líder rebelde Quellcrist Falconer (Renée Elise Goldsberry, de Velozes & Furiosos: Espiões do Asfalto) e por sua irmã Reileen Kawahara (Dichen Lachman, de Supergirl) fazem com que os dez episódios da primeira temporada pareçam pouco. E, de fato, são. Principalmente quando começamos a conhecer a jornada pregressa da capa usada por Kovacs com sua parceira, a policial Kristin Ortega (Martha Higareda, de A Rainha do Sul).

Kristin Ortega surge como importante ajuda às investigações de Kovasc. (Foto: Netflix)

Com muita semelhança a Blade Runner pela ambientação e discussões sobre humanidade e seus limites, a primeira temporada de Altered Carbon termina resolvendo a trama principal, mas deixa um leque de possibilidades para outras temporadas – a segunda chega em 27/02. Além disso, o título inova ao nos fazer prestar atenção para reconhecer os personagem à parte do ator. Afinal, todo mundo pode ser qualquer um utilizando uma capa.

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