Yu Yu Hakusho moldou o caráter e o vocabulário de quem teve infância ou adolescência na década de 90. Nas tardes da extinta Rede Manchete, as aventuras sobrenaturais de Yusuke Urameshi se tornaram sucesso unânime. E não é que a Netflix resolveu fuçar o baú da nostalgia para transformar a história em uma série em live-action? Deu certo com One Piece: A Série!
66 episódios que viram 5
Baseada no mangá de Yoshihiro Togashi, a produção tem sua primeira temporada centrada no torneio que culmina no confronto de Yusuke Urameshi (Takumi Kitamura) a Toguro (Ken’ichi Takitô). O enredo se atém ao básico, desde a morte inesperada de Urameshi até a segunda chance que ele recebe como detetive espiritual. Sua primeira missão é impedir que o empresário Sakyo (Gorô Inagaki) abra um túnel do plano terreno até o submundo. Isso permitiria a invasão da Terra por demônios.
A adaptação flui bem para quem conhece a saga. Cada capítulo, com cerca de 50min, possui acontecimentos suficientes para prender a atenção e desenvolver a narrativa. Como uma aventura de super-heróis, a série conecta rapidamente Yusuke a Kazuma Kuwabara (Shûhei Uesugi), Kurama (Jun Shison) e Hiei (Kanata Hongô). É um grupo disfuncional, mas que resgata muito bem as dinâmicas consagradas pelo mangá e anime. Já as lutas são convincentes e entregam a intensidade necessária.
Se o quebra-pau dá conta do recado, partimos para o lado emocional. Yusuke Urameshi é descrito como um briguento indisciplinado. Mas a experiência de morte e o impacto disso em sua mãe e em Keiko Yukimura (Sei Shiraishi) mexe com o protagonista. Se ele parte do capítulo 1 sem dar importância para a morte, no final da jornada sua motivação é defender as vidas de seus amigos. Uma reflexão sempre forte sobre o que faz a vida valer a pena.
Rapadura é doce, mas não é mole não
A Netflix nem esconde sua intensão de te fazer assistir “Yu Yu Hakusho” na dublagem brasileira. O padrão do streaming é iniciar a exibição de qualquer produção no idioma original. Porém, aqui, é dar play e perceber a predefinição ao português. Dessa forma, você volta no tempo ao escutar expressões como “rapadura é doce, mas não é mole não” e “tô na área, se derrubar é pênalti” na voz de Marco Ribeiro – como Yusuke.
“A gente teve que fazer essa transição entre uma coisa mais debochada e jogadinha para um tom mais sério e maduro”, disse o dublador. Por fim, ele celebrou a volta das vozes que fizeram sucesso no anime. “O retorno do elenco era algo muito esperado e solicitado pelos fãs. Yu Yu Hakusho foi um marco na dublagem brasileira”.